ATA DA TRIGÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 19- 05-1993.
Aos dezenove dias do mês de maio do ano de mil novecentos e no venta e três reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Trigésima Oitava Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Primeira Legislatura. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella, Clênia Maranhão, Dilamar Machado, Divo do Canto, Elói Guimarães, Geraldo de Matos Filho, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Isaac Ainhorn, Jair Soares, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas e Wilton Araújo. Constatada a existência de ‘quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Trigésima Sétima Sessão Ordinária, que foi aprovada. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 02/93, da Câmara Municipal de Pimenta Bueno, Rondônia, 14/93, da Associação dos hospitais do Estado, 256/93, do CPERS-Sindicato, 316, 317, 318, 319, 320 e 321/93, do Senhor Prefeito Municipal; Telex do Deputado João Nardes; Fax do Secretário de Estado, Senhor Ryff Moreira; Cartas da Fundação Instituto Delmiro Gouveia para o Desenvolvimento, do Programa Valorização da Vida; Cartões do Diretor da Rede Pampa de Comunicações, do Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia, Senhor João Gilberto Lucas Coelho, do Deputado João Vargas e do Deputado Otomar Vivian; Relatório da Administração da COPESUL, Companhia Petroquímica do Sul, Central de Matérias-Primas do Pólo Petroquímico do Sul, relativo ao ano passado. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Airto Ferronato, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Artur Zanella, 01 Indicação nº 19/93 (Processo nº 1287/93); pelo Vereador Fernando Zachia, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 63/93 (Processo nº 1323/93); pelo Vereador José Gomes, 01 Emenda ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 45/93 (Processo nº 1075/93); do Vereador Luiz Negrinho, 01 Pedido de Providências, 01 Pedido de informações nº 70/93 (Processo nº 1356/93) e 01 Indicação nº 20/93 (Processo nº 1357/93); pela Vereadora Maria do Rosário, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 59/93 (Processo nº 1273/93); pelo Vereador Pedro Américo Leal, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Wilton Araújo, 01 Emenda ao Projeto de Resolução nº 12/93 (Processo nº 1270/93). Ainda, foi apregoado o Projeto de Resolução no 15/93 (Processo no 1373/93), da Mesa. A seguir, nos termos do artigo 100 da Lei Orgânica Municipal, Tribuna Popular, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor César Vasconcellos que, em nome da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ADUFRGS, declarou ser a educação responsabilidade básica de um Estado verdadeiramente democrático, analisando a importância da ciência e da tecnologia para o desenvolvimento de um país. Assim, discorreu sobre as razões e perspectivas da greve ora em andamento nas universidades públicas, destacando o significado desse movimento para que sejam viabilizadas mudanças positivas para a sociedade brasileira. Após, nos termos do artigo 206 do Regimento Interno, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores para se pronunciarem acerca do assunto tratado durante o espaço da Tribuna Popular. O Vereador Lauro Hagemann leu sobre o sucateamento verificado nas universidades públicas, atentando para as conseqüências dessa situação para o futuro do País e atentando para a importância da conscientização de todos no referente ao papel exercido pelas instituições de ensino superior dentro de uma sociedade. Ainda, lembrou programas municipais hoje existentes em Porto Alegre no que se refere à pesquisa tecnológica e comentou projetos em andamento na Casa, visando a criação de um Fundo Municipal para o Desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia e visando a instituição de um Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia. O Vereador Jocelin Azambuja teceu comentários sobre o quadro hoje apresentado pela educação no Brasil, traçando paralelo entre a situação salarial dos professores brasileiros e aquela apresentada por professores europeus. Finalizando, solidarizou-se com o movimento grevista levado a efeito pelos funcionários da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em busca de melhores condições salariais e de trabalho. A Vereadora Maria do Rosário, destacando ser a luta dos professores universitários em greve direcionada não apenas para a questão salarial mas visar uma valorização da universidade pública em toda sua abrangência, analisou o significado do incentivo da pesquisa e da geração independente de tecnologia para o desenvolvimento de um país. A Vereadora Clênia Maranhão comentou a responsabilidade que deve assumir o Brasil dentro do continente sul-americano, atentando para o papel do ensino superior dentro desse quadro. Disse serem as universidades instituições de valor fundamental para o crescimento de uma Nação, solidarizando-se com o movimento dos professores universitários por melhorias salariais e de trabalho. O Vereador Gerson Almeida declarou ser o ensino público brasileiro um espelho claro da implantação do chamado neoliberalismo no Pais, significando o corte de verbas para pesquisa e tecnologia a abdicação ao desenvolvimento. Propugnou pelo apoio sistemático da Casa às lutas pela melhoria do ensino público brasileiro. O Vereador João Dib, defendendo que o professor deveria ser o profissional mais respeitado de uma sociedade, discorreu acerca do pronunciamento do Professor César Vasconcellos quanto ao quadro hoje apresentado pela educação brasileira e, em especial, quanto ao movimento grevista em andamento junto às universidades públicas federais. Ainda, criticou a política salarial adotada pelo Partido Trabalhista à frente do Governo Municipal. A seguir, o Senhor Presidente solidarizou-se com o movimento grevista levado a efeito pelos professores universitários, agradecendo a presença, na Casa, de representantes da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ainda, constatada a existência de “quorum”, foi aprovado Requerimento do Vereador Clóvis Ilgenfritz, solicitando Licença para Tratamento de Saúde no período de dezenove a vinte e um do corrente. Em continuidade, o Senhor Presidente declarou empossado na Vereança o Suplente Darci Campani, informando que Sua Excelência passaria a integrar a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação. Também, o Vereador Pedro Américo Leal apresentou recurso à Presidência dos trabalhos, relativo a decisão dessa Presidência quanto à Questão de Ordem formulada dia dezessete do corrente, acerca das manifestações dos visitantes deste Legislativo. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi aprovado Requerimento do Vereador João Verle, solicitando alteração na ordem dos trabalhos, passando-se ao período de COMUNICAÇÕES. Após, o Senhor Presidente informou que, conforme o Requerimento nº 119/93 (Processo nº 1170/93), dos Vereadores João Verle e Guilherme Barbosa, o período de Comunicações seria destinado a homenagear o Sindicato dos Professores Particulares do Rio Grande do Sul, SINPRO, convidando a integrar a Mesa dos trabalhos o Professor Marcos Führ, Presidente do Sindicato hoje homenageado, e concedendo a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador João Verle, em nome da Bancada do PT, reportou-se sobre a primeira greve dos professores no Rio Grande do Sul, comentando a história do Sindicato dos Professores. Discorreu sobre as dificuldades que essa Entidade enfrentou em protesto aos arrochos salariais. Afirmou que o Sindicato enveredou para o caminho do assistencialismo, visto que a ditadura militar, na época, impediu a consolidação de um sindicalismo preocupado com as lutas sociais de sua categoria. Ressaltou, também, que o SINPRO/RS realizou seu primeiro Congresso Estadual e estabeleceu como resoluções a defesa do ensino público e gratuito e, ainda, a interiorização da Entidade. O Vereador Milton Zuanazzi, em nome da Bancada do PDT, pronunciou-se acerca da presente homenagem, questionando a necessidade de repensar a luta do SINPRO e suas formas de atuação. Afirmou que o Sindicato tem conseguido um resultado positivo na luta dos professores particulares. Relembrou que no regime monárquico não foi construída sequer uma escola pública no País e que as elites mantiveram o mesmo nível de concepção. Disse que o SINPRO tem conseguido se revelar nessa luta sindical em prol da educação e pela dignidade de nosso povo, O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PDS, falou sobre a importância da figura do professor, afirmando que rememorando sua infância lembra sempre de professora da Escola Dona Marieta Postali, fora seus familiares. E, ainda, que não tem muito a acrescentar pois tudo já foi dito pelo Vereador João Verle. Almejou sucesso ao Sindicato, lembrando dever ser ele sempre pautado pela responsabilidade e seriedade a fim de que atinja seus objetivos de bem servir à comunidade. O Vereador Airto Ferronato, em nome das Bancadas do PMDB e do PFL, comentou sobre o movimento que vem ocorrendo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, dizendo-se orgulhoso de ser professor universitário. Disse que teve a oportunidade de convivência diária com os docentes, compreendendo a importância da ação do SINPRO. Afirmou que o professor difunde a cultura, forma cidadãos conscientes, preparando-os para o trabalho e para a vida. Parabenizou o Sindicato ora homenageado pela sua luta. A seguir, o Senhor Presidente registrou a presença, no Plenário, do Vereador Celso Falavinha, de Cachoeirinha. O Vereador Jocelin Azambuja, em nome da Banca da do PTB, discorreu sobre sua convivência com o SINPRO, justificando sua relação com a Associação de Círculos de Pais e Mestres do Estado. Lembrou das dificuldades encontradas quando dos planos financeiros instalados no País, momento em que o ensino privado passou a ter uma relação extremamente difícil. Disse, também, que sob a presidência do Professor Marcos Führ foi dada uma nova dinâmica ao SINPRO, fazendo emergir de forma positiva para a sociedade e para o próprio magistério uma forma sindical atuante e efetiva na defesa dos interesses dos professores da rede privada de ensino. A Vereadora Maria do Rosário, em nome da Bancada do PC do B, deu conta da importância do SINPRO para a comunidade riograndense, afirmando que foi através do mesmo que o sindicalismo foi avançando e se configurando na ação dos trabalhadores da educação. Observou ser uma característica desse Sindicato o alto índice de mulheres no conjunto sindical e, também, sua capacidade de mobilização. Disse que o SINPRO conseguiu realizar um acordo repondo a totalidade de perdas do magistério particular e estabeleceu uma c1áusula muito importante que permite o aprimoramento acadêmico. Propugnou pela retomada de mobilização e de luta dos trabalhadores, bem como, pela criação de alternativas para reverter a miséria degradante do País. O Vereador Guilherme Barbosa, como proponente da Sessão, disse que o SINPRO foi fundado sob a ditadura de Getúlio Vargas, comentando como ficaram conhecidos os sindicatos daquela época, que se transformaram em “braço” do Estado, controlando as várias categorias de assalariados. Reportou-se sobre os movimentos sindicais ocorridos ap6s o Estado Novo, discorrendo acerca das eleições do SINPRO/RS, que se manteve na luta, iniciando, a partir daí, uma nova e importante fase que por duas gestões permaneceu liderando na defesa das condições salariais, de trabalho, e pela qualidade de ensino, que passa a ser a preocupação desse Sindicato. O Vereador Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PPS, disse ser gratificante assistir a Sessão de hoje, que conta com a presença dos Professores César Vasconcellos e Marcos Führ, representando a Associação dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o Sindicato dos Professores Particulares do Rio Grande do Sul, respectivamente. Falou sobre a importância da proposta do SINPRO de extrapolar o corporativismo e se preocupar somente com a sociedade. E, ainda, afirmou que o SINPRO significa uma força ao lado do Centro de Professores do Estado. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Professor Marcos Führ que, em nome do Sindicato dos Professores Particulares do Estado, agradeceu a homenagem prestada pela Casa e registrou sua alegria por comemorar mais um aniversário de fundação de SINPRO, ao mesmo tempo em que demonstrou sua tristeza em ver os referenciais mais próximos e caros no tocante à educação, os quais dimensionam retrocesso ao invés de avanços nessa área. Convidou a todos para assistir, domingo pela manhã, no Brique da Redenção, a concerto ao ar livre com a participação do pianista Artur Moreira Lima, juntamente com a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. A seguir, o Senhor Presidente convidou os Senhores Vereadores para inauguração da placa alusiva aos sessenta anos de fundação do Jornal do Comércio, na Avenida João Pessoa número 1282, amanhã, às onze horas, conforme Requerimento, aprovado, do Vereador João Dib. Após, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação Nominal foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 27/93, por vinte e sete Votos SIM, tendo votado os Vereadores Airto Ferronato, Décio Schauren, Dilamar Machado, Divo do Canto, Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, Helena Bonumá, Jair Soares, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gemes, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Avila, Pedro Ruas, Wilton Araújo e Darci Campani. Em Discussão Geral e Votação Nominal foi aprovado o Projeto de Resolução nº 07/93, por vinte e sete Votos SIM, tendo votado os Vereadores Airto Ferronato, Décio Schauren, Dilamar Machado, Divo do Canto, Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, Helena Bonumá, Jair Soares, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Comes, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Pedro Ruas, Wilton Araújo e Darci Campani. Ainda, foram aprovados Requerimentos dos Vereadores Dilamar Machado e Luiz Braz, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo nº 27/93 e o Projeto de Resolução nº 07/93, respectivamente, sejam dispensados de distribuição em avulsos e interstício para suas Redações Finais, considerando-as aprovadas nesta data. Após, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Vereador Artur Zanella, de Voto de Congratulações com as pessoas e entidades relacionadas em anexo ao Requerimento, por terem sido agraciadas com o Troféu Destaques do Ano - Jornal do Comércio/92; do Vereador João Dib, de Voto de Congratulações com a Federação Gaúcha de Futebol, pela passagem do seu aniversário de fundação; com o Vereador Jocelin Azambuja, de Votos de Congratulações com o Senhor Sérgio Antonio Carlos, por sua eleição à direção do Conselho Regional de Assistentes Sociais, com o Conselho Regional de Administração do Rio Grande do Sul, pela passagem dos seus vinte e cinco anos de instalação no Estado; do Vereador José Gomes, de Voto de Congratulações com os Soldados Marolimo Marques da Silva e Marcelo Nunes de Freitas, por terem atuado com alto grau de profissionalismo, quando estiveram prestando serviço em frente ao Hospital Porto Alegre, no momento em que os funcionários estavam entrando em greve; do Vereador Luiz Braz, de Voto de Congratulações com o SINPRO/RS, Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul, pela passagem do seu aniversário; do Vereador Gerson Almeida, de Voto de Congratulações com a Doutora Denise Frossard, juíza da 14ª Vara Criminal do Estado do Rio de Janeiro, que determinou a prisão de quatorze dos principais banqueiros do jogo do bicho, este votado destacadamente por solicitação do Vereador Nereu D’Ávila. Em prosseguimento, o Senhor Presidente registrou a presença da Professora Ester Grossi e da Psicopedagoga Sara Paim, da Universidade de Paris, convidando-as a participar da Mesa dos trabalhos. Ainda, informou que está sendo realizada na Casa Jornada de Estudos sobre Psicopedagogia e Linguagem em Sala de Aula, ministrado pela Professora Sara Paim e promovido pelo GEEMPA. Em PAUTA ESPECIAL, Discussão Preliminar, esteve, em 1ª Sessão, o Projeto de Lei do Executivo nº 28/93. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram, em 1ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 45/93 e o Projeto de Resolução nº 12/93, este discutido pela Vereadora Maria do Rosário; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 11/93, discutido pela Vereadora Maria do Rosário, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 49, 57, 54/93, este discutido pelos Vereadores João Dib e José Gomos, 48/93, este discutido pelos Vereadores Maria do Rosário e Darci Campani, 51 e 52/93 e o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 03/93, este discutido pelos Vereadores Guilherme Barbosa e Darci Campani; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 34 e 50/93. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Nereu D’Ávila reportou-se sobre publicação do Jornal Zero hora, do dia dezoito do corrente, que diz que os municipários usam luto em protesto à exigência da Prefeitura no sentido de que seja retirado da Justiça uma ação de reposição salarial e que em troca o Executivo concordaria em avançar nas negociações do dissídio neste mês. Disse, também, que o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre, SIMPA, reivindica uma política salarial com reajustes mensais, a exemplo do que requer o Deputado Federal Paulo Paim, do PT. O Vereador Jocelin Azambuja falou sobre a questão salarial, dizendo ser justa a reivindicação dos municipários e, por isso, o Projeto de Lei do Vereador Luiz Braz não seria obstaculizado na Casa. Informou que sexta-feira próxima haverá assembléia geral no Gigantinho para reivindicar maior piso salarial para o magistério. Falou sobre a falta de aulas verificada no calendário B nas escolas públicas. O Vereador Guilherme Barbosa referiu-se sobre pronunciamentos anteriores, ressaltando que a defasagem do funcionalismo estadual é muito superior à do municipal, discordando das palavras do Vereador Nereu D’Ávila sobre o assunto. Relacionou os índices de inflação verificados durante governos municipais passados, traçando paralelo com os reajustes salariais concedidos por esses governos. A Vereadora Maria do Rosário falou sobre a demissão da Secretária de Administração do Governo Federal, Senhora Luiza Erundina, demonstrando a situação grave em que se encontra a Nação. Afirmou que estão sendo aceleradas as iniciativas de privatizações enquanto que o capital nacional é entregue a grupos privados, por valores irrisórios. Criticou o Governo do Senhor Itamar Franco, dizendo que o mesmo anuncia medidas que não se realizam, havendo uma verdadeira conspiração contra a soberania nacional. Ainda, durante os trabalhos, foram registradas as presenças dos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Décio Schauren, Fernando Zachia, Henrique Fontana e Eliseu Santos. Às dezessete horas e trinta e nove minutos, constatada a inexistência de "quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Wilton Araújo, Luiz Braz, Airto Ferronato e Milton Zuanazzi e secretariados pelos Vereadores Airto Ferronato e Clênia Maranhão. Do que eu, Airto Ferronato, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo.): A Mesa apregoa o PR nº 15/93 (Proc. nº 1373/93), da
Mesa.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL (Questão de Ordem): Com todo o respeito que
merece V. Exª, Presidente desta Casa, mas pensando nos altos interesses desta
Casa, eu quero apresentar um recurso a V. Exª, da decisão de V. Exª, queria
entregá-lo.
O SR. PRESIDENTE: Pois não, Vereador. Recurso
ao Plenário.
(É entregue o recurso.)
O SR. PRESIDENTE: Passa-se à
Convidamos o Sr. César Vasconcellos representante da ADUFRGS, para ocupar a tribuna, pelo tempo regimental de 10 min.
O SR. CÉSAR VASCONCELLOS: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o Estado democrático, diz a Constituição promulgada em 1988, tem
como funções primordiais assegurar o exercício dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a
igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista
e sem preconceitos, fundada na harmonia social. Nesse contexto, cabe ao estado
democrático proporcionar os meios de acesso à educação e à ciência, promover e
incentivar o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação
tecnológica, de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e sócio-econômico,
o bem-estar da população e a autonomia tecnológica desse país. A ciência e a
tecnologia são reconhecidas assim na definição das funções sociais do estado
democrático, juntamente com a cultura, a saúde e a educação, como elementos
essenciais para o pleno desenvolvimento de uma nação. Ciência e tecnologia são
presenças constantes na vida cotidiana. Suas inovações têm exercido um impacto
profundo na sociedade, com modificações estruturais irreversíveis na
configuração dos sistemas produtivos e na relação capital/trabalho. Nos países
economicamente mais desenvolvidos é possível observar, juntamente com a
crescente evolução das diferentes áreas do conhecimento, os progressos
tecnológicos dela decorrentes, a transferência desses conhecimentos para o
setor produtivo e a melhoria no atendimento das necessidades sociais.
De fato, Senhores e Senhoras, os paises
que lideram o chamado 1º Mundo têm o domínio da geração de tecnologias e são os
que mais investem em pesquisa e em educação. Nestes, o estado democrático, do
qual todos nós fazemos parte e lutamos por sua preservação na busca do
atendimento às demandas dos diferentes segmentos sociais e do acompanhamento da
evolução das diversas formas de produção, enfrenta os diversos dilemas.
Isto posto, o que não fica evidente num
País como o Brasil, é como compatibilizar um projeto nacional moderno,
cientificamente adiantado e tecnologicamente competitivo, aberto para o futuro,
com a manutenção de cerca de 80% da população totalmente marginalizada do
processo econômico, sem acesso, portanto, aos bens produzidos pela ciência e
tecnologia e educação básica.
Nós entendemos que o País precisa de uma
formulação, de uma política nacional e de políticas estaduais e municipais -
atentem, Senhores - em ciência e tecnologia. A formação de uma política como
esta deve englobar, segundo a nossa concepção, diversos aspectos: informação,
capacitação de mão-de-obra, formação de quadros de alto nível e educação. O
ensino público de 1º, 2º e 3º graus deve ser reestruturado, tanto no que se
refere a seus conteúdos, nos currículos tradicionais, quanto ao que diz
respeito ao aproveitamento de conhecimentos e inovações neste campo, visando à
formação de pessoal nesses níveis e a atualização dos professores de rede
pública e assim por diante. A universidade, por sua vez, é um espaço
extremamente privilegiado e devemos lutar por sua preservação. A universidade
pública, nos moldes como nós a configuramos, é um dos aspectos mais importantes
para a construção de um novo país.
Então, Senhoras e Senhores, tudo isso
posto, nós não estamos em greve nas universidades federais do País somente,
como diz a grande imprensa muitas vezes, somente por questões salariais; nós
não estamos em greve nas universidades públicas somente pela recuperação do
poder aquisitivo de nossos salários; nós não estamos em greve, senhoras e
senhoras, somente, nessas universidades federais, porque nós queremos uma
política salarial consistente; nós não estamos em greve somente porque queremos
mais verbas para a educação, embora tudo isso seja muito importante e nós
devemos lutar por isso; nós não estamos em greve somente porque nós queremos
uma isonomia salarial entre os três poderes; nós não estamos em greve porque
queremos melhores condições de trabalho e de ensino, somente; nós não estamos
em greve, senhoras e senhoras, porque queremos uma melhor qualificação das
nossas universidades; nós estamos em greve fundamentalmente, também, porque nós
queremos ajudar na construção de um novo país e essa construção na qual todos
os senhores estão lutando, na mesma direção, passa por uma educação de alto
nível.
Tive oportunidade, em nível pessoal, de
viver na Alemanha exatamente no momento em que ela estava sofrendo uma grande
transformação: o momento em que o muro caía, e se percebia claramente uma
evasão antes da queda do muro e antes das transformações que aconteceram no
leste europeu. Percebia-se uma evasão muito grande de quadros de alto nível,
pelos parâmetros do leste europeu, por que não havia nesses países, embora com
avanços em outras áreas, havia avanços no campo social, uma política capaz de
manter esses quadros atuando nesses países. Eu não tenho dúvida que a
transformação do mundo, a transformação econômica, a transformação social,
passa fundamentalmente pela questão da ciência e tecnologia e passa, também,
pela questão da educação.
É por isso, senhores, que reafirmo que
não é somente por essas razões de curto prazo mais emergenciais que nós estamos
em grave. Estamos em greve, repito, para tentar auxiliar num processo de
construção de um novo país e entendemos, como trabalhadores na educação, que o
processo de greve é um momento especial em todo esse processo de reconstrução
de um novo país, de reconstrução nacional, embora essa frase tenha,
historicamente, tido um outro significado. Nós queremos participar desse
processo e a greve tem esse papel, porque a greve é um momento muito especial
pelo fator de mobilização que produz, pelo fator de conscientização que produz.
Nós estamos certos pelo espaço que
tivemos aqui na Casa dos Senhores, que os Senhores estão interessados nesse
problema, que pretendem participar ativamente da solução desse problema e que
pretendem continuar atuando nesse processo de reconstrução de um novo país. Nós
queremos nos colocar, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e os
professores dessa Universidade como partícipes desse processo. Queremos,
unidos, auxiliá-los nessa construção. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): De acordo com o que manda o
regimento, as Bancadas, agora, terão cinco minutos para se manifestarem. A
primeira Bancada inscrita é o PPS. O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra.
O SR. LAURO HAGEMANN: Senhor Presidente, Srs
Vereadores e meu caro Professor César Vasconcellos, muito judiciosa, sensatas e
sábias as palavras do Professor Vasconcellos, no uso da Tribuna Popular esta
tarde.
Realmente, a Universidade como
instituição, neste País, está atravessando um momento muito sério de desmantelamento,
de sucateamento e isto é uma perspectiva muito sombria para o futuro deste
País, porque a Universidade, através dos tempos, foi sempre uma instituição
voltada para solidificar o conhecimento humano, metodolizá-lo e alcançá-lo às
gerações subseqüentes e isto, infelizmente, hoje, nós não estamos verificando.
O Professor Vasconcellos é um legitimo representante da nova geração de cientistas deste país, de renome internacional, tem autoridade para vir aqui, na Casa do povo de Porto Alegre, dizer o que disse, para que a assembléia do povo de Porto Alegre reunida nesta Casa se conscientize do momento que nós estamos atravessando, também a nível Municipal.
Tenho a pretensão de conhecer um pouco,
por dentro, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, convivi com ela
durante quase quarenta anos, como aluno, como funcionário, amigo e sei
perfeitamente das razões que trouxeram o Professor Vasconcellos a essa tribuna,
para dizer com todas as letras que o problema não é só a reposição salarial, a
retribuição digna de um padrão de sobrevivência a quem lá trabalha e desenvolve
suas atividades com vistas ao futuro, e tudo aquilo que ele disse.
Mas eu também atribuo a uma remuneração
digna uma sustentação ideal para quem trabalha nesse setor, porque nenhum
professor universitário, nenhum pesquisador pode andar a mendigar recursos a
fim de manter a sua vida, alimentar o seu intelecto com o preço que estão as
publicações nacionais e estrangeiras e, sobretudo, para manter a si e seus
familiares decentemente. Hoje, os salários da Universidade estão defasados,
assim como todos os salários deste País. Não é a recomposição dos salários da
universidade que vai reformular o mundo, mas é um passo importante.
Gostaria de dizer ao Professor
Vasconcellos, neste breve discurso, que também em Porto Alegre se cogita, e a
tempo, deste problema que ele suscitou aqui da tribuna, que é atribuir também
ao município, comunidade menor da federação, a preocupação com o
desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Temos aqui, tramitando na Casa
desde a Lei Orgânica, um Projeto de Lei Complementar instituindo o Conselho
Municipal de Ciência e Tecnologia e um projeto subseqüente que é um pouco
pretensioso, mas que poderá ser alcançado através de outras vias, de um fundo
municipal para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia. É sinal de que o
município não está ausente nesta preocupação.
Em nível de Executivo, quando o Olívio
Dutra assumiu a prefeitura, e a Secretaria de Indústria e Comércio foi ocupada
por um companheiro nosso, Carlos Vasconcellos, do então PCB, instituíram-se no
antigo prédio da Fiscalização, na entrada do túnel, os níveis tecnológicos que
foram ampliados no início da administração Tarso Genro. É todo um processo de
integração com a Universidade que se está pretendendo em nível municipal. Só
que as condições são adversas, como são adversas as condições para todos os
pesquisadores deste País, para toda a sociedade brasileira. Talvez não tenhamos
sorte de ver essas coisas andando na velocidade que desejaríamos, pelo menos elas
começaram a andar, nós podemos ter a tranqüilidade.
Desejamos sucesso à greve dos
universitários brasileiros, de todos os servidores, não é só da Universidade, é
de todo o segmento da administração federal, por melhores condições de
trabalho, e que se aplica à Universidade como o segmento mais afetado, talvez,
por esse problema. Desejamos que esse movimento tenha êxito e que, afinal, se
faça luz na mente da direção desse País, para que saia da inércia a que estamos
atrelados, que se destinem recursos e, principalmente, se estabeleça uma
vontade política de fazer as coisas. É isso que desejamos a vocês. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Jocelin
Azambuja.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
nobre Professor Vasconcellos, representando a Associação dos docentes da
Universidade Federal, nós vemos que hoje teremos um dia para tratar da educação
em todos os níveis nesta Casa, porque, no momento em que demos a palavra aos
docentes da Universidade Federal para colocarem a sua realidade, as suas
dificuldades, na seqüência, teremos uma homenagem especial ao Sindicato do
Professores do Ensino Particular no nosso Estado. Isso faz com que todos os
Vereadores e os componentes da Casa, hoje, passem a refletir profundamente
sobre a realidade da educação em nosso Estado, em nosso País. O que me deixa
muito feliz, e a nossa Bancada do PTB em especial, porque temos tido uma
preocupação toda especial com esta realidade. E o que foi colocado aqui na tribuna
nos revela claramente a situação lamentável em que está hoje colocada a
educação no nosso País e a forma com que os governos, sucessivamente, têm
tratado a educação.
Antes de iniciar a minha alocução, eu fazia algumas perguntas ao Professor Vasconcellos. Fiz estas perguntas porque uma vez estiveram lá no CPERS Sindicato, alguns professores ligados à Confederação Mundial dos Professores, fazendo uma visita, da França, do Chile e da Itália, se não me engano. E naquela manifestação, eu perguntei a um professor francês, que era representante do Sindicato dos Professores Primários da França, qual era o salário médio que eles recebiam, em dólares, e ele me falou: “Dólares”? Meio surpreso, como quem diz, que moeda é esta? Nós temos lá uma moeda, que é o Franco, não falamos em dólares. Mas aí expliquei para eles que nós estávamos no Brasil e que no Brasil só se falava em dólares e aí ele resolveu fazer a conversão para nos colocar o que ganhava um professor primário na França. E a média de salário do professor na França, em fase inicial, primário, era de 1.200 a 1.500 dólares. Aí, perguntei a um professor qual era o salário inicial de um professor da Universidade Federal do Estado do Rio Grande do Sul, e ele me respondeu, cem dólares, um pouquinho mais, quem sabe, quem sabe 110. Mas esta é uma gritante realidade da qual não tem como se fugir. Professor primário na França, inicialmente, ganhando, vamos botar por baixo, 1.200 dólares. O brasileiro ganhando cem dólares. Claro que não pode o Brasil querer pensar em ter avanços tecnológicos, querer ter futuro pagando a miséria de salário que paga a professores neste País, em todos os níveis. Os da rede pública estadual devem andar já pelos 50 dólares, quem sabe, talvez até menos, já me perdi. O pessoal ganha tão pouco que já me perdi. E os da universidade, vejam essa triste realidade, iniciam a carreira com cem dólares e vão conseguir, depois de fazer tudo que é curso de pós-graduação, depois de percorrer toda uma vida de trabalho, quem sabe chegar aí a mil dólares. Pessoas que podem, através da sua produção, da sua pesquisa, da sua condição intelectual, dar frutos para este País incalculáveis, imensuráveis. E, hoje, o que a Universidade Federal faz é simplesmente pegar a mão-de-obra, qualificá-la, prepará-la e exportá-la para o mundo inteiro. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul e as universidades do País inteiro. E para complementar isso, ainda, que é uma realidade que estamos vivendo, a questão da iniciativa privada, levando também esses profissionais formados da Universidade Federal. Quer dizer, o que vai sobrar para a Universidade federal, a não ser alguns expoentes com extrema dedicação, com extremo idealismo que ali permanecem, porque os demais, que não conseguem mais manter o idealismo, acabam aceitando as propostas que recebem da iniciativa privada ou de outros Países e vão embora. E que futuro nós temos? Qual a perspectiva para os nossos filhos? Qual a perspectiva para a educação? Eu diria zero. Não temos perspectiva nenhuma, porque nessa caminhada não existe trajetória de futuro, só existe uma realidade: a nossa educação está literalmente liquidada.
Receba da nossa Bancada do PTB, Professor, toda a nossa solidariedade a todos os funcionários da Universidade e saiba que essa luta não é só de vocês, essa luta é de todos nós. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, a Verª Maria
do Rosário, pelo PC do B.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente em exercício
nesta Sessão, ver. Luiz Braz; Sr. César Vasconcellos, Professore da nossa
Associação dos Docentes da UFRGS; Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras; Senhores e
Senhoras.
Eu acho que o que a Associação dos
Docentes da UFRGS nos traz, a reflexão que nos traz acerca do papel da
universidade e dos objetivos do movimento desenvolvido nacionalmente pelos
servidores públicos faz pensar, é certo. E o professor disse isso aqui, que não
é somente um movimento em busca de definição de uma política salarial, mesmo
que isso seja fundamental para os trabalhadores em educação de todos os níveis.
Não é somente um movimento pela isonomia, um movimento para buscar recuperação
das perdas, os jornais nos trazem um dado de 97%, mas um movimento que busca,
também, justiça social, que busca a valorização da universidade pública no
Brasil e de todo servidor público.
A primeira questão é refletir com os
senhores o como a universidade pública hoje vem sofrendo, de forma particular,
os ataques desses que querem aplicar um projeto no Brasil, que é um projeto
completo de desnacionalização. A soberania nacional está comprometida neste
momento: privatizam-se as empresas estatais, que constituem base fundamental do
desenvolvimento econômico, sem preocupação nenhuma com o futuro do
desenvolvimento da nação; dilapida-se o patrimônio público no Brasil de hoje; a
indústria brasileira passa por um processo de sucateamento ímpar. A nova Lei de
Patentes, que foi votada pelo Congresso Nacional, em que pese ter sido
modificada em alguns aspectos, é um atestado gravíssimo de que os interesses
nacionais, hoje, estão sendo comprometidos pelo projeto em curso neste país, um
projeto orquestrado pelos interesses do grande imperialismo. E a universidade
pública, em particular, sofre as conseqüências desse projeto.
Eu acho que é importante dizer da nossa
concordância com o movimento, do nosso apoio incondicional aos trabalhadores em
educação e aos servidores públicos em geral e dizer, fundamentalmente, que eu
não acredito que possa haver desenvolvimento no mundo da terceira revolução
industrial, no mundo da microeletrônica, da automação. Não é possível pensar-se
em desenvolvimento sem pensar-se em conhecimento cientifico, em geração de
tecnologia, e em conhecimento cientifico e geração de tecnologia independente,
que é o que faz a universidade pública no Brasil, responsável por cerca de 90%
da pesquisa científica nacional de cunho independente, que reverte em
desenvolvimento nacional.
Então, esse alerta que os Senhores nos
trazem, realmente, nos coloca na responsabilidade de compreender que neste fim
de século a educação e, de uma forma muito particular, a universidade e a
pesquisa científica que é parte da tarefa da universidade pública, são condição
de futuro, ou fechamos as portas do País ou vamos investir em pesquisas
científicas, em tecnologia e que isso signifique no Brasil universidade
pública.
Então, o nosso apoio à Associação dos
Docentes, nós propusemos a semana passada, e esta Casa aprovou, uma Moção de
Apoio ao movimento dos senhores e, mais do que isso, considerar que não é
somente o movimento dos docentes e dos funcionários da UFRGS. Quando a gente
fala em universidade no Brasil, nós estamos falando em Brasil, em futuro, em
soberania nacional e, aqui, Colegas, nós vamos ter de falar, não da luta dos
professores e dos funcionários da UFRGS; não da luta dos estudantes da UFRGS,
que inclusive eu sou; mas da luta da sociedade brasileira, é! É a soberania
nacional em jogo e, portanto, o nosso apoio, o nosso respeito e a nossa vontade
de, no cotidiano, nos somarmos à luta que vocês desenvolvem.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, a Verª Clênia
Maranhão, pelo PMDB.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Professor Vasconcellos e demais presentes aqui. O Brasil, com as
suas riquezas de biodiversidade, de minérios, com a sua extensão de maior País
da América Latina, tem uma responsabilidade muito grande, não só em relação ao
seu território nacional, mas, também, em relação ao nosso Continente Latino
Americano. O desenvolvimento do nosso parque industrial, da nossa tecnologia ou
o cerceamento das nossas experimentações científicas repercutem, não só
internamente, mas em todo o nosso continente. E eu acho que não é por acaso que
todas as políticas internacionais que buscam romper o ciclo de desenvolvimento
nacional dos países chamados Terceiro Mundo, colocam na sua mira as
universidades, porque nas universidades são desenvolvidas as pesquisas, e se
garantem os caminhos da construção da soberania nacional. E tivemos muito claro
o exemplo na discussão da votação das Leis do patenteamento, isto fica muito
claro na discussão dos processos de privatização.
Eu acho que esta Casa, que tem tomado uma
posição de coerência, de compromisso político, de vinculação com as coisas da
Cidade, mas, fundamentalmente, com os cidadãos desta Cidade, não poderia ficar
de fora da discussão neste momento da mobilização dos professores e
funcionários das universidades, quando sabemos que aproximadamente 80% dos
estudantes que conseguem chegar nas universidades, estão nas universidades
particulares. Portanto, há um grande processo, já instalado, de privatização do
ensino de 3º grau. E quem conhece o trabalho dos docentes sabe que a sua luta
não é apenas por questões salariais, mas é, fundamentalmente, pela autonomia e
pelo desenvolvimento da tecnologia, que garante o desenvolvimento econômico e
tecnológico e a soberania do Brasil.
Então, em nome da minha Bancada, o PMDB,
eu quero trazer a solidariedade e o apoio ao movimento dos nossos companheiros
professores, e dizer que é compromisso político se respaldar nos conhecimentos
técnicos, e é compromisso do político não só trabalhar com as bandeiras das
suas áreas de abrangência, mas trabalhar com bandeiras, com lutas que modificam
os rumos da sociedade. A universidade é, seguramente, um dos espaços mais
importantes na construção deste País, mais soberano e igualitário, que todos
nós queremos. E é por isso que a gente se solidariza e apóia as suas lutas.
Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Gerson
Almeida.
O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, Sras Vereadoras. Sr. Presidente da Associação dos
Docentes da Universidade do Rio Grande do Sul, Professor César Vasconcellos.
Realmente muito oportuna à vinda do
companheiro Vasconcellos para falar sobre a greve dos professores da
Universidade Federal, e a própria forma como ele tratou a questão, nos coloca a
preocupação que é dos trabalhadores da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, funcionários ou professores, e é também do movimento sindical brasileiro e
de todos aqueles setores preocupados verdadeiramente com a situação
político-sócio-econômica nacional.
Infelizmente, discursos e pronunciamentos
como este, nós não ouvimos dos setores responsáveis hoje pela condução da coisa
pública, em nível federal. Até é uma greve interessante, pois não tem
interlocutor: a quem dirigiremos ou a quem dirigem os servidores públicos
federais as suas reivindicações?
Desde que foi montado, esse Ministério é
notícia, não pela suas propostas, mas é notícia, apenas, porque não se sabe se
aqueles que dormiram como ministros, acordarão como sendo ministros. E esse é
mais um dos dramas que vivem os servidores públicos federais. Entretanto, a
situação do ensino público nas Universidades, assim como nos demais níveis -
como bem colocou o Professor Vasconcellos - e, também, eu diria, o conjunto do
serviço público neste País, hoje, não é nada mais do que, talvez, a mais
patética expressão do verdadeiro desastre que representa para a coisa pública
do País a imposição ou a implantação do receituário neoliberal, que é anunciado
pelos seus defensores ou, por que não, seus beneficiários, como a modernidade.
Assim foi apregoado nos últimos anos.
E, para isso, é preciso extinguir o
Estado, torná-lo mínimo, sob o ponto de vista dos interesses públicos e
sociais. Agora, máximo, sob o ponto de vista do favorecimento da privatização
dos seus interesses para alguns grupos econômicos.
O próprio processo de privatização,
alardeado nacionalmente não tem sido mais, em alguns casos, do que a
transferência do monopólio público, estatal para monopólios de grupos privados.
O setor petroquímico, a partir da Odebrecht, é, talvez, o exemplo mais cabal
desta realidade.
Pois bem, a implantação deste receituário
neoliberal, e o verdadeiro desmonte do Estado no qual a educação é uma
expressão grande, a situação em que estão as escolas públicas, a universidade,
o serviço público no País, ele significa, nada mais do que abdicar de qualquer
projeto de desenvolvimento nacional. E isto significa, também, aprisionar o futuro
do País, o futuro da inteligência nacional, aprisionar a situação dramática no
presente. Porque, no momento que cortamos a pesquisa, que cortamos a
possibilidade de desenvolvimento tecnológico nacional, nós, sem dúvida nenhuma,
estamos aprisionando não só o presente, mas o futuro, na medida que seremos
incapazes, a partir de então, de poder disputar em situação minimamente
razoável a possibilidade de criar, enfrentar as mazelas graves nacionais.
Trabalho no setor de telecomunicações
desde 1980. Temos em Campinas, na Telebrás, um Centro de Pesquisa Tecnológica
que é, seguramente, um dos centros mais importantes no setor de
telecomunicações do mundo, inclusive, fez com que o País, nos últimos anos,
conseguisse dominar, quase, o conjunto do ciclo de elaboração e construção da
tecnologia da fibra ótica, que é uma verdadeira revolução no setor de
telecomunicações.
Quero anunciar a vocês, e certamente é do
conhecimento do Prof. Vasconcellos, que este centro está, literalmente, sendo
destruído desde o governo Collor e continua sendo destruído. Os seus
pesquisadores, de larga experiência nacional e internacional estão lá,
continuam trabalhando, porque o povo brasileiro, os trabalhadores brasileiros,
em todos os níveis, inclusive o maior nível da inteligência tem um amor ao seu
trabalho, um amor à pesquisa que é, talvez, a razão mais utópica. As pessoas
continuam trabalhando no Centro de Pesquisa de Campinas, da Telebrás.
Quero concluir, lembrando que o
companheiro Darci Campani, professor da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, assim como o companheiro Décio Schauren, funcionário da Universidade
Federal, também já se manifestou aqui, logo nos primeiros dias da greve dos
servidores; a companheira Maria do Rosário também aprovou - o que foi por
unanimidade - a Moção de Apoio. Parece que nada melhor, nada mais justo que a
Câmara de Vereadores de Porto Alegre, assim como todos os demais setores se
comprometerem, não só no apoio de palanque, mas no apoio político sistemático
para que, verdadeiramente, a greve deflagrada para denunciar, a todo o país, o
verdadeiro desastre que está o serviço público e as universidades do país. Quem
sabe esta greve seja um momento propulsor, mais um, de virada deste processo
que já vem há longo tempo. E que a gente possa, juntos, setores populares e
setores nacionais, recriar um verdadeiro projeto nacional. Única maneira de nós
sairmos desta situação dramática em que vive o nosso povo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Pela Bancada do PPR, tem a
palavra o Ver. João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, meu caro Professor Vasconcellos. Meu caro professor, eu queria que
este título, professor fosse a personalidade mais respeitada deste país, como o
é em alguns países do mundo, em que o professor está sempre sendo colocado em
primeiro lugar. Mas, meu caro professor, o senhor hoje veio aqui, usou a
Tribuna Popular, e levou, como conforto, as palavras de vários Vereadores que
ocuparam esta tribuna e vai levar ainda de outros que vão ocupá-la. Mas só
isso. Não mais do que isso. Porque política é seriedade, é responsabilidade. E
a gente tem que fazer as coisas assim como elas devem ser feitas. Nós temos que
fazer uma análise do país inteiro. Porque realmente o país é que está
sucateado. Não é só a universidade, é todo o país. Então, nós falamos aqui da
vontade política, falamos de uma porção de coisas. Mas só falamos. E,
lamentavelmente, professor, o senhor vai levar apenas o conforto de saber que
tem Vereador que está a seu lado, achando que o senhor está certo. Mas veja o
senhor que também política é coerência. E os partidos que apóiam o governo do
município, que têm dinheiro, não estão preocupados com a bimestralidade que
deve ser dada, agora, para os servidores municipais. O Prefeito está gestionando
e jogando tudo o que pode, com todas as suas forças, com toda a sua
inteligência, para tirar dos municipários. E nós somos de uma prefeitura que
encerrou o mandato de um Prefeito no dia 1º de janeiro deste ano com uma sobra
de 72 bilhões de cruzeiros, e não mostra contas para os servidores e nem para
os Vereadores.
Então, por isso é que eu lhe digo,
Professor, a esperança deve estar no Professor, mesmo, porque, como o senhor
colocou muito bem aqui, não é só o salário que está sendo buscado; é o aprimoramento,
é a possibilidade de transmitir mais informações, mais cultura, mais educação,
e que alguns heróis professores, e por isso têm que ser sempre a primeira
pessoa a ser chamada, fazem até com prejuízo pessoal. Há médicos, engenheiros e
advogados que dão aulas e perdem o seu tempo precioso ao invés de ganhar
dinheiro, mas não deixam de ter uma satisfação imensa de transmitir a cultura.
Eu vi, recentemente, aqui, o Diretor da PUC desfilando salários que
impressionaram todos os Vereadores, ninguém contestou aqui, para os Professores
lá da PUC – não sei se são verdadeiros ou não – mas ninguém contestou. Nós só
ficamos vendo de perto o que recebem os servidores da Universidade Federal.
Eles estão no 1º degrau, ainda. Então, eu não sei mais o que tem que ser feito.
Agora, que este País tem que tratar todas as coisas com mais seriedade, com
mais responsabilidade, isto é verdade.
Portanto, o senhor tem o meu apoio, a
minha solidariedade, como tem o do meu Companheiro Pedro Américo Leal, mas é só
o que o senhor vai levar. O senhor não vai conseguir mudar as idéias deste
país, nós temos que mudar a Câmara Federal deste país que dá empréstimos, sem
juros, sem correção monetária, dá dinheiro para tratar dos dentes. Viaja-se com
300 dólares para a Europa! Isto aí o professor não consegue conter.
Então, é muito fácil, eu, numa posição,
dizer: - Eu quero assim. Agora, quando eu posso fazer, eu digo: - Não quero
mais assim.
Eu me sinto muito tranqüilo, aqui,
falando como Vereador, porque já falei como Prefeito. E eu não mudei. Eu disse
sempre a mesma coisa, e nós precisamos mudar este país e a nossa esperança está
no professor. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nós queremos agradecer ao
Professor Vasconcellos pela sua presença aqui, hoje, nesta Câmara, e dizer que
a Câmara Municipal de Porto Alegre, como instituição, apóia o movimento dos
professores da Universidade Federal, e, como disse o “professor” João Dib,
levará, hoje, aqui, as palavras de apoio dos Vereadores, mas não apenas isto,
levará o apoio de toda a nossa instituição, de toda a Câmara Municipal que,
como instituição, se une para exatamente dar apoio a este movimento, que é um
movimento justo e que, neste momento, não visa solucionar apenas um problema
momentâneo, mas visa exatamente o futuro deste país. Leve a nossa
solidariedade.
O SR. JOÃO VERLE (Requerimento): Solicito que a V. Exª
consulte o Plenário sobre a modificação na ordem dos nossos trabalhos,
antecipando o período de Comunicações para, a seguir, mantendo os demais na
ordem normal. Justifico este pedido que é uma homenagem que esta Casa vai
prestar ao Sindicato dos Professores, pela presença, em nosso recinto, do
Presidente do Sindicato e de outros professores para que então, possam ser
liberados, cumprida esta parte da nossa pauta.
(O Sr. Wilton Araújo assume a Presidência
dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento
do Ver. João Verle. (Pauta). Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Passamos às
COMUNICAÇÕES
Que será destinado a homenagear os 55 anos do SIMPRO.
Já está conosco à Mesa, o Exmo
Sr. Presidente do Sindicato dos Professores Particulares do Rio Grande do Sul,
Prof. Marcos Fuhr. Esse requerimento de autoria de João Verle e Guilherme
Barbosa, e aprovado por unanimidade por esta Casa. Nós, de imediato, vamos
passar para o momento solene, e vamos solicitar para que, os Senhores Oradores
inscritos pelas Bancadas, falem em nome da Casa.
Está com a palavra o primeiro Orador
inscrito, João Verle, que falará pela Bancada do PT.
O SR. JOÃO VERLE: Sr. Presidente desta Casa,
Sr Wilton Araújo, 1º Secretário da Câmara, Ver. Airto Ferronato; companheiro
Marcos Fuhr, Presidente do Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul,
Senhoras e Senhores Vereadores e demais presentes a esta Sessão.
No dia 19 de setembro de 1985 Porto
Alegre e todo o Estado assistiram a primeira greve dos professores do ensino
privado do Rio Grande do Sul. Cito-a neste momento, por que ela é uma espécie
de divisor de águas na história de um sindicato que atravessou boa parte da
luta entre capital e trabalho no Brasil. O SINPRO, que comemora 55 anos na
próxima sexta-feira, enfrentou a fase assistencialista do sindicalismo
nacional, mas também participou ativamente na construção de entidades
preocupadas em modificar as relações entre patrões e empregados e mais, em
transcender o caráter sindical de sua intervenção. Naquele 19 de setembro, a
categoria dos professores de escolas privadas resolveu enfrentar as pressões
patronais e sair às ruas. Foram quatro mil pessoas que desafiaram a chuva e a
polícia para protestar contra o arrocho salarial. Nesse dia 90% dos professores
e funcionários de escolas privadas do Estado cruzaram os braços, determinando
os rumos futuros de um dos sindicatos mais representativos da luta da classe
trabalhadora do Rio Grande do Sul. E o Partido dos Trabalhadores não poderia
deixar passar em branco os 55 anos de uma entidade dessa magnitude. O SINPRO,
por sua trajetória de lutas, é o exemplo vivo do que pode obter a mobilização
de uma categoria que busca um objetivo: a formação de cidadãos conscientes e
politizados. Daquele 19 de Setembro em diante, o SINPRO alterou a rota de
atuação que vinha desenvolvendo desde maio de 1938. Na época, o sindicato dos
professores reunia pouco mais de 600 associados num Estado em que a rede
privada de ensino era bastante limitada. Nos anos 70, a explosão do ensino
particular fortaleceu o SINPRO, mas a ditadura militar impediu a consolidação
de um sindicalismo preocupado com as lutas sociais de sua categoria. Como
tantas outras agremiações, o SINPRO também acabou enveredando pelo caminho do
assistencialismo, ficando mais parecido com uma clínica médica do que com um
sindicato. O sindicalismo como atividade política, como fábrica de liderança,
ainda estava para ser inventado no SINPRO.
A ditadura não foi suficiente, no entanto, para apagar o desejo de um sindicalismo forte entre os professores do ensino médio privado no Estado. Tanto que os líderes que fundaram o sindicato dos professores na década de 30 não poderiam imaginar o papel que a entidade teria na consolidação da Central Única dos Trabalhadores, por exemplo, a CUT, a primeira central sindical surgida depois do regime militar. Nem o papel que iriam desempenhar na construção de uma cidadania livre e democrática com a realização de seminários internacionais sobre política e cultura em Porto Alegre já na década de 90. A trajetória do SINPRO se tornou importante porque ele ajudou a compor uma frente de luta contra o atraso nas relações sociais brasileiras, contra a injustiça social, a desigualdade. Como era de se esperar, os professores da rede privada não ficaram para trás quando a sociedade brasileira começou a lutar por mudanças na estrutura do país. Companheiros que hoje fazem parte da vida política da cidade, como o Vice-prefeito Raul Pont, ajudaram a transformar o SINPRO num sindicato atuante e participativo depois que a abertura política resultou numa sociedade democrática. A luta interna na entidade, nesse sentido, foi importante para colocar os professores da rede privada na vanguarda do sindicalismo gaúcho. Posições divergentes sempre foram o impulso para importantes ganhos qualidade, principalmente em política. E não poderia ser diferente com o SINPRO, um sindicato democrático, consciente e, sobretudo, com uma base de associados profundamente preocupada com os destinos que a história reserva para nossos filhos.
Durante os primeiros anos da década de
80, a recessão e o desemprego fizeram a luta sindical neste país ganhar um
impulso qualitativo, soprada também pelos ventos democráticos da mobilização
popular. Nessa época, cresce radicalmente o número de professores
sindicalizados no estado. Em 1985, eles chegam a 5 mil. E na esteira daquela
primeira greve inicia o período mais ativo do SINPRO em toda a sua historia,
que culminou na greve geral da categoria em 1987. A greve durou 18 dias, de 25
de abril a 12 de maio, e obrigou as escolas a formalizarem um acordo
com a categoria, primeiro depois de anos de lutas por dignidade salarial e condições
de trabalho. Depois do sucesso da greve geral, o SINPRO realizou seu primeiro
congresso estadual e estabeleceu como resoluções a defesa do ensino público e
gratuito e a interiorização da entidade. Esse processo iniciou pela abertura de
delegacias sindicais em Passo Fundo, Bagé, Pelotas e Santa Cruz. As greves se
sucedem até o final dos anos 80. Em 1989, três paralisações agitam a vida do
SINPRO. Mais ainda nesse ano, nas últimas eleições da década na entidade, mais
de 90 por cento dos associados do sindicato referendaram os rumos assumidos
pelo SINPRO a partir daquela greve em 85, votando pela continuidade do trabalho
político iniciado em 86, pela gestão Novo Tempo.
Nesses três anos de décadas de 90, é
possível constatar um novo salto de qualidade na atuação do SINPRO. Associado à
Secretaria Municipal de Cultura, a entidade ajudou a promover três importantes
simpósios internacionais em Porto Alegre e passou a editar um jornal com
colaboradores ilustres no cenário cultural da cidade. O terceiro congresso do
SINPRO, realizado no ano passado, teve a presença de mais de 200 delegados, que
votaram por uma democratização completa do antigo estatuto da entidade. Junto
com isso, uma nova proposta de sindicato norteia os trabalhos do SINPRO. O
Sindicato Cidadão pretende mostrar que como organizações fundamentais da
sociedade civil, os sindicatos tem potencialidade para ampliar seu trabalho
cotidiano para além das lutas salariais e por condições de exercício
profissional. O SINPRO quer romper com os limites de um sindicalismo
tradicional e se engajar ativamente em todo o contexto do movimento social.
Especialmente na democratização da sociedade em que vivemos. Esses passos já
sendo dados. E sem dúvida daqui a alguns anos, outro parlamentar estará
ocupando esta tribuna para salientar o divisor de águas que foi o Sindicato
Cidadão na vida do SINPRO e na história do sindicalismo gaúcho. Porque a meta
de um sindicalismo moderno e ágil é inovar sempre. Superando permanentemente as
condições de luta e mobilização em que está inserido. Nesses 55 anos, o SINPRO
dignificou sua responsabilidade como entidade social e nos mostrou que os
desafios que encontramos pela frente nunca podem ser menores que nossa
capacidade de lutar. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Milton Zuanazzi.
O SR. MILTON ZUANAZZI: Sr. Presidente, Ver. Wilton
de Araújo; Sr. Secretário, Ver. Airto Ferronato; Exmo Sr. Presidente
do Sindicato dos Professores Particulares do Rio Grande do Sul, professor Marcos
Fuhr.
Vem o nosso Partido, o PDT, prestar esta
homenagem pelos 55 anos do SINPRO. No momento do aniversário do Sindicato dos
Professores Particulares, talvez não seja de bom alvitre, de boa educação,
questionar certos conteúdos que não sejam o de parabenizar o aniversariante.
Cabe-me colocar algumas questões que me parecem importantes, pelo
acompanhamento que tenho da luta do SINPRO, da sua luta sindical. Entendemos
que nosso movimento sindical vive um momento de encruzilhada, vive um momento
de indefinições, e que talvez seja positivo para o futuro do movimento. No
momento em que alguns dogmas exercidos por todos nós, por circunstâncias do
nosso tempo, obrigam-se a desaparecer, pois o movimento sindical, que foi
influenciado por muito tempo por estes dogmas, precisa ser repensado. Precisa
repensar a sua luta, a sua unidade e as suas formas de atuação. Eu vejo o
SINPRO assim, dessa forma. Tentamos encaminhar novos caminhos, novas
alternativas para a luta. Tenho sentido, Prof. Marcos Fuhr, que vocês têm conseguido
um resultado positivo na luta dos professores particulares, e é uma afirmação
que parte de um Partido como o nosso, que tem no seu limite, nas suas propostas
mais profundas, o fim, até, do próprio capital, contra quem vocês lutam, já que
temos uma pregação da existência da escola pública em todos os níveis, e eu,
particularmente, e essa não é uma proposta programática do Partido, entendo que
deveria ser ensino público e único no País. Talvez seja essa a luta do SINPRO,
também, mas é claro, em todos os países que se desenvolveram no mundo, a
definição básica é pela escola pública para todos os níveis, para todas as
classes sociais. Nós haveremos de chegar, algum dia, no Brasil, em que o rico
estude na mesma escola do pobre, para que essa escola realmente venha a ter
valor.
Nós chegamos ao absurdo, no nosso País,
em que, nas escolas secundárias e primárias, o rico está na escola particular,
e nas universidades ele está na escola pública. Uma inversão absurda de valores
a que chegou a educação neste País. Essa volta da roda na história, que talvez
aqui no Rio Grande que tenha lá no Julio de Castilhos a origem de uma pregação
da escola pública, que tem lá na monarquia a manutenção das escolas privadas.
No regime monárquico brasileiro, já não estamos mais no plebiscito, graças a
Deus, não se construiu uma escola pública no País, mas as elites brasileiras
mantiveram o mesmo nível de concepção, de não construir escolas públicas neste
País, de não ser prioridade neste País. De qualquer forma, esta é a realidade,
e dentro da realidade que está estabelecida o SINPRO, tem conseguido se revelar
nesta luta sindical, a olhos de quem acompanha o movimento, inclusive milita no
movimento sindical como um todo. O SINPRO tem conseguido este destaque e por
este destaque do SINPRO, Prof. Marcos Fuhr, o PDT vem se parabenizar com a
entidade, por estes 55 anos e vem dizer que está ao lado de vocês, e que vocês
continuem esta luta, que é a luta da escola brasileira, que é a luta da
educação do nosso povo, que é a luta pela dignidade. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PREDIDENTE: Com a palavra, o Ver. João
Dib, que fala em nome da Bancada do PDS.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, meu caro
professor Marcos Fuhr, Srs. Vereadores, o Ver. Milton Zuanazzi falou na
monarquia e D. Pedro II, em uma de suas afirmativas, dizia que se ele não fora
Imperador, ele gostaria de ser professor. A figura maltratada deste País, que é
o professor. Na minha memória, nos meus tempos de infância, a figura que eu
lembro, fora da minha família, é exatamente da minha professora, que era uma
professora de uma escola particular, Dona Marieta Postali. É a 1ª pessoa que eu
lembro, fora os meus familiares. De qualquer forma, não tenho muito a
acrescentar a tudo isso aqui que o Professor João Verle disse da história do
SINPRO e contou em todos os detalhes, e por isso até propôs homenagem aos 55
anos. À Bancada do PDS só cabe dizer que nós almejamos para o SINPRO uma bela
caminhada sempre com seriedade e responsabilidade para que atinja os seus
objetivos de servir à comunidade em que vive e que sejam sempre respeitados
como deveriam ser. Os professores, já dizíamos antes, deveriam ser a primeira
figura do País e não são. Mas um dia chegaremos lá e será com o esforço de
comunidades organizadas como é o SINPRO. Sucesso para vocês. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Milton Zuanazzi): Com a palavra, o Ver. Airto
Ferronato.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente dos
trabalhos deste Ato, Ver. Milton Zuanazzi; Exmo Sr. Presidente do
Sindicato dos Professores do Ensino Particular do Rio Grande do Sul, Prof.
Marcos Fuhr; Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores.
Tenho muita satisfação de falar neste Ato
em nome da minha Bancada, o PMDB, juntamente com a Verª Clênia Maranhão, o Ver.
Fernando Zachia, o Ver. Mazaropi e em nome da Bancada do PFL, Ver. Jair Soares.
Hoje, na Câmara, em duas oportunidades, tratamos basicamente do professor. Num
primeiro momento, discutiu-se aqui o movimento que está ocorrendo na UFRGS, ou
seja, professores do ensino público. Agora, tratamos do aniversário do SINPRO.
Eu tenho a satisfação de lembrar a minha
primeira e única professora do ensino primário, que foi minha mãe, professora
aposentada do ensino primário. Tenho, também, orgulho de dizer que sou
professor do ensino particular há 15 anos. Lecionei os três primeiros anos num
colégio técnico de 2º Grau e há mais de 12 anos sou professor universitário,
aqui em Porto Alegre. Por isso tenho a oportunidade da convivência diária com
os professores e sabemos todos os seus problemas e compreendemos muito bem a
importância da ação, sempre próxima e forte, do SINPRO, neste processo. O
professor desempenha essa nobre missão de difundir cultura, de formar cidadãos
conscientes e preparados para o trabalho e para a vida. Nós poderíamos dizer
que os professores desempenham essa tarefa, num primeiro momento, porque amam a
profissão, e fazem dela uma bandeira, fazem dela o seu ideal, portanto, nesta
significativa data, nós queremos, em nome da Bancada do PMDB, em nome da
Bancada do PFL, registrar a nossa homenagem aos professores, cuja
responsabilidade é imensa, na medida em que estão lapidando as lideranças de
amanhã. As nossas homenagens aos professores, e nossas homenagens ao SINPRO
pelo seu aniversário, sucesso, parabéns. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença do
Vereador de Cachoeirinha, Sr. Celso Falavinha.
Com a palavra, o Ver. Jocelin Azambuja.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, em
exercício, Ver. Milton Zuanazzi, Sr. Secretário, Sr. Presidente do Sindicato
dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul das Escolas Particulares, o
nosso SINPRO, prezados professores e amigos, Srs. Vereadores, Sras. Vereadores,
Senhoras e Senhores presentes e demais membros da Diretoria do SINPRO do Rio
Grande do Sul, nós temos a satisfação de vir a esta Tribuna em nome da Bancada
do Partido Trabalhista Brasileiro, prestar essa justa homenagem ao SINPRO-RS,
aos seus 55 anos de existência, até porque, temos uma relação muito especial de
convivência com o SINPRO, iniciada em 1985, quando da Constituição em 1984,
iniciando a Associação de Círculo de Pais e Mestres do Rio Grande do Sul.
Em 1985 quando se iniciaram as primeiras
relações com o SINPRO-RS e, posteriormente em 1986 quando à luz do famoso plano
Funaro e outros planos que se instalaram neste País passou o ensino privado a
ter uma relação extremamente difícil, pais, estudantes, professores, e nós
tivemos, inclusive, a felicidade de ocupar um cargo na comissão de encargos
educacionais do Conselho Estadual de Educação para naquela oportunidade
discutir essas relações. A partir daí aprofundamos os trabalhos da Associação
do Círculo de Pais e Mestres do Rio Grande do Sul, que na época atuava na
representação tanto de escolas públicas quanto privadas e com essa diretoria
que sob a presidência do professor Marcos Fuhr deu uma nova dinâmica ao SINPRO
e fez, realmente, emergir de forma positiva para a sociedade e para o próprio
magistério das escolas particulares como uma força sindical atuante, efetiva,
na defesa dos interesses dos professores da rede privada de ensino; mas sem
perder de vista a importância do processo de educação e as responsabilidades em
defesa de uma educação acessível a todos os estudantes do estado do Rio Grande
do Sul. Nós temos visto que esse grupo de trabalho que hoje tem levado o nome
do SINPRO avante em todas as lutas da educação e participando de todos os foros
tem um compromisso muito profundo com esta realidade lamentável que temos, de
tristezas permanentes e é por isso que no início, quando ouvíamos aqui o
representante da Associação de Docentes da Universidade Federal, dizíamos que
hoje é um dia especial na Câmara de Vereadores porque estamos tratando aqui e
debatendo a realidade da educação.
O ensino privado no Rio Grande do Sul
sofre as mesmas realidades que sofrem as escolas privadas de todo País. O lucro
é o patamar principal. Os professores da rede privada na sua maioria são os
mesmos da rede pública.
Isso nos revela que o ensino, na sua
realidade, apresenta semelhanças profundas no seu nível, tanto na rede privada
quanto na rede pública. Algumas escolas, evidentemente, têm alguma estrutura
melhor para propiciar esse ensino, mas em termos de nível de ensino eu continuo
considerando que, tanto a rede pública quanto a privada, hoje, têm nível
semelhante. Existe, evidentemente, esta distorção profunda da realidade que
vive o professor hoje e se o professor da escola particular está com o salário
até um pouco melhor é graças a atuação forte do SINPRO que, com alguns
movimentos grevistas de bastante intensidade em anos passados, fez com que
fosse olhado de uma forma diferente o professor da escola particular.
Mas, como pai, eu tenho até que colocar
aqui um dado que eu acho interessante; nessas discussões, quando se fazem,
sobre as mensalidades da rede privada e eu tenho um conceito que se o cidadão
coloca um filho numa escola particular não há por que discutir mensalidade;
colocou porque quis, então arque com as suas responsabilidades, está é minha
opinião pessoal, eu coloquei meus filhos em escola pública e arco com a
responsabilidade de lutar por uma escola pública melhor.
Agora, não posso admitir, e eu fiz muitas
reuniões com APM’S, em Porto Alegre, em que os pais chegavam nas reuniões e diziam:
“tu vê, de repente esse professor aqui já quer ganhar “x”.” Como se fosse um
salário fantástico, vamos dizer que hoje ele dissesse: “esse professor aqui já
vai ganhar dez milhões, vai ganhar quinze milhões.” Aí eu dizia, eu lembro na
reunião com a APM do Anchieta, outra com o pessoal do Batista, para eles: “mas
vem cá! Se vocês querem qualidade de educação para o filho de vocês, vocês vão
achar, vamos dizer que fosse hoje, que ganhar dez, quinze, trinta milhões é um
salário fantástico. Eu dizia: vocês deveriam se envergonhar de estar fazendo
isto, deveria estar pagando duas ou três vezes mais. Então, esta mentalidade,
graça hoje, no País, e o pessoal confunde a rede privada com a rede pública,
como se na rede privada o custo tivesse que ser pequeno. Não, é que o professor
deve receber mais dignamente.
Então, o SINPRO fez um trabalho e, hoje,
o professor na escola privada tem um referencial um pouco melhor do que o da
escola pública. Não tão melhor, mas já é um referencial melhor face esta luta
que o SINPRO desenvolveu ao longo dos anos, mas a mentalidade da sociedade está
muito longe deste realidade. Os pais, na rede privada de ensino, deveriam ter
esta consciência. Colocou o filho lá, na rede privada, vai saber que tem que
pagar bem. Os professores vão ter que ganhar bem, os funcionários vão ter que
ganhar bem. Eu via outro dia o pessoal relacionar e diziam: “uma faxineira
ganhando dois ou três salários mínimos numa escola privada, que absurdo!” Mas
que absurdo é pagar salário mínimo, ainda mais achar que está pagando muito,
pagando dois, três salários mínimos.
Como pai e como cidadão, creio que
devemos mudar esses conceitos e, dentro dessa realidade, o SINPRO tem sido
extremamente útil para mostrar a realidade da escola à comunidade
rio-grandense.
Como sindicato, nos seus 55 anos de luta,
tem procurado ser uma entidade de vanguarda nos movimentos em prol da educação,
tem procurado desenvolver um trabalho efetivo de representação dos seus
sindicalizados e estar atuante também junto à rede de ensino público. Isto é
muito importante: o SINPRO não ficou, nesses anos todos, adstrito apenas aos
problemas da escola particular. Ele participa conosco no foro de defesa da
escola pública e nos diversos foros em defesa do ensino público neste Estado. A
par da defesa dos interesses dos seus sindicalizados, está o interesse maior da
defesa da educação.
Por tudo isso, fizemos questão de vir
hoje a esta tribuna para dizer ao SINPRO e a todos os seus associados que nos
orgulhamos muito desta luta que está sendo empreendida, desta nova visão de
administração do Sindicato que exige de todos nós uma mobilização permanente
para que possamos ter, quem sabe um dia, educação de fato neste País. Quem sabe
na comemoração dos 100 anos, dos 150 anos do SINPRO. O que importa é que um dia
nossos netos, tataranetos herdem alguma coisa de educação neste País que nós
não estamos conseguindo dar, mas pelo menos temos a consciência que o SINPRO
está cumprindo o seu papel.
Meus parabéns ao sindicato. Muito
obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Com a palavra a Verª Maria
do Rosário.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente dos
trabalhos, Srs. Vereadores, Sr. presidente do Sindicato dos Professores
Particulares do Rio Grande do Sul, Professor Marcos Fuhr, Srs. e Sras.
presentes.
55 anos de um Sindicato de Professores é
uma data muito significativa e que merece comemoração e festa. E é isto que o
SINPRO-RS está fazendo nestes dias, com uma programação bastante interessante
porque divide com a Cidade, com o Estado, o festejar destes 55 anos. Nestes
anos todos, o Sindicato dos Professores cresceu em tamanho e no nível das suas
reivindicações.
Por muito tempo, Srs. Vereadores,
vendeu-se a ilusão de que o Magistério era uma profissão sublime, um
sacerdócio. Como tal, a remuneração não era o mais importante, e sim a
dedicação, o empenho do professores no seu trabalho. Neste contexto é que o
Sindicato de Professores Particulares, é que o CPERS Sindicato, que os
sindicatos municipais de professores desenvolveram as suas atividades e algumas
vezes até priorizaram o assistencialismo, mas tinham o objetivo forte de manter
os seus associados e, na medida em que o sindicalismo brasileiro foi avançando,
modificar esta realidade e fazer com que se assumisse uma configuração mais
ampla, a configuração dos trabalhadores em educação. Nos parece que esta luta é
de extrema importância no Brasil dos nossos dias. Uma característica marcante
do Sindicato dos Professores é o alto índice de mulheres que no conjunto do
movimento sindical não são maioria mas, que nos últimos anos representaram os
maiores incrementos nas taxas de sindicalização e que nós precisamos destacar
de forma especial quando falamos no Sindicato dos Professores. A capacidade de
mobilização, particularmente do SINPRO-RS foi crescendo em meio a muita luta, a
turbulências, enfrentamentos, tensões as quais muitas vezes os professores
foram colocados por participarem de um sindicato. E o que avançou foi o caráter
de profissão, o caráter do magistério como profissão e não mais como
sacerdócio. Estremecendo, muitas vezes, as chamados escolas confessionais e,
também, as não-confessionais que, na verdade, priorizam o lucro em detrimento
da educação. A capacidade de negociação cresceu, a discussão com a sociedade
cresceu e, em 1991, nos parece que o SINPRO realmente realizou um acordo que
repôs a totalidade de perdas do magistério particular e estabeleceu uma
cláusula muito importante que permite o aprimoramento acadêmico, questão
fundamental quando tratamos de uma categoria profissional ligada à formação e
ao desenvolvimento do conhecimento, à construção do conhecimento mesmo.
Parece-nos que essa cláusula do acordo pode marcar o início da luta do
desenvolvimento, do tão almejado Plano de Carreira.
A verdade é que a necessidade de uma
reciclagem tecnológica se impõe num movimento sindical, tanto para os
trabalhadores, hoje, empregados, como uma requalificação para os demitidos que
estão em busca de novos empregos.
Não gostaria de avançar nesta intervenção
sem deixar de ressaltar a importância que tem a conquista que obtivemos de uma
nova Lei de Diretrizes e Bases para a educação neste País. Certamente que
enfrentamos uma árdua batalha no Senado, mas o empenho do Movimento Sindical, a
luta destes Vereadores que, inclusive, enviaram, à Câmara Federal, uma Moção de
Apoio à votação imediata da LDB, e a grande maioria da noção, apressarão a
votação dos Senadores para que nós tenhamos uma LDB que realmente contemple os
interesses da escola no Brasil dos nossos dias. A LDB hoje aprovada pela Câmara
dos Deputados contempla a gestão democrática nas escolas e abre uma nova
perspectiva para a educação, para que ela se torne verdadeiramente libertadora,
transformadora, como dizem, alias, muitos “slogans”dos estabelecimentos de
ensino particular. A nação brasileira nesses dias passa por momentos muito
difíceis. As agressões às conquistas históricas dos trabalhadores vêm
aumentando e nós precisamos, objetivamente, reagir de forma unitária, buscando
plataformas comuns de luta, independente das filiações partidárias ou mesmo das
centrais sindicais. O que nós precisamos com urgência é retomar a capacidade de
mobilização e de luta dos trabalhadores e criar alternativas para reverter esta
miséria degradante que nos oprime.
Quero aqui me referir à luta unitária que
devemos desenvolver contra a revisão constitucional. Hoje, sobre a falsa
alegação de que a constituição brasileira estaria ultrapassada e de que há um
obstáculo ao desenvolvimento do País e à estabilidade política, setores
reacionários tentam, na verdade, não fazer uma revisão, mas inaugurar uma nova
constituição. Uma nova constituição que seria votada não pelo Congresso de 87
ou 88 que foi eleito para isto, mas por um Congresso ainda mais conservador do
que o daquela época. Uma nova constituição que estes setores atrasados da
sociedade brasileira buscam organizar no sentido do desmonte de Estado Nacional
e da sua reestruturação de forma a fazer valer os interesses dos planos
imperialistas dos monopólios estrangeiros.
Essa luta deve nos unir.
Mas, hoje é um dia de festa. Quero
parabenizar o SINPRO pelos seus 55 anos e destacar outro passo importante na
vida deste Sindicato, que foi nos últimos meses a sua participação no Conselho
Estadual de Educação, hoje na vice-presidência, a pessoa do Prof. Hamilton
Braga.
Os nossos cumprimentos ao SINPRO, e o
nosso sentimento que devemos continuar lutando unidos pela educação e por um
País independente e sintonizado com os interesses nacionais e populares. Muito
obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Com a palavra, como
proponente, o Ver. Guilherme Barbosa.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Nessa sexta-feira, 21 de
maio, o Sindicato dos Professores do estado do Rio Grande do Sul, o nosso
SINPRO, completa a invejável idade de 55 anos. Nasceu, então, no ano de 1938.
Estávamos, portanto, no Estado Novo, sob
a ditadura de Getúlio Vargas. É conhecido de todos o perfil que passaram a ter
os sindicatos, naquela época de nossa história. Ao invés de entidades
combativas e reivindicadoras, transformaram-se em braço do Estado,
transformando-se em braço do Estado, controlando as várias categorias de
assalariados, enquanto o governo lhes permitia alguns avanços trabalhistas.
Costuma-se dizer, com razão, que os sindicatos não passavam de colaboradores do
governo e de meras entidades assistencialistas.
No dia 05 de maio de 1938 aconteceu a
primeira reunião para a criação de um sindicato que congregasse os professores
das escolas particulares do estado, na casa do José Luiz Prado, que veio a
tornar-se o primeiro presidente do SINPRO, e no cargo permaneceu por sete anos.
Após o Dr. José Luiz Prado, outros onze presidentes se seguiram, até chegarmos
ao atual dirigente, colega Marcos Júlio Fuhr que é o 12º presidente.
Até a década de 70 as várias diretorias do SINPRO mantiveram o sindicato fiel à sua marca de origem. Basta dizer que a entidade possuía, em 1979, um laboratório de análises clínicas e um setor médico com vários serviços especializados, mantendo um quadro com quase duas dezenas de profissionais desta área.
O final da década de 70 e o início da década de 80, entretanto, trouxeram a intensificação da luta pelas liberdades democráticas no Brasil. A ditadura militar instalada no País a partir de março de 1964, não suportava mais a pressão popular que se somava ao crescente desastre administrativo de seus sucessivos generais, e tem início à “abertura lenta e gradual” de Geisel.
O movimento sindical começa a sofrer grandes ebulições. Surgem novas lideranças que articulam oposições para derrubar antigos e acomodados dirigentes, alguns com consciência sindical ultrapassada, outros assumidos pelegos a serviço do governo e/ou dos patrões. É dessa época os grandes movimentos do ABC paulista, das assembléias com cem mil trabalhadores que precisavam ser realizadas no gramado de estádios de futebol para acolher tanto operário! Dentre tantas lideranças surgidas nessa época, destacava-se um barbudo fugido da seca pernambucana, o metalúrgico Luiz Inácio da Silva - o Lula.
Iniciam-se as articulações entre sindicatos com vistas a estruturação de uma central sindical, para que as lutas pudessem ser globalizadas. No ano de 1982 ocorreu a histórica CONCLAT, na Praia Grande, em São Paulo, com a presença de mais de 5. 000 trabalhadores de todo o País. Tive a felicidade de estar presente, como delegado do sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul.
Não podia ser diferente, nesta época o clima político e sindical em nosso estado. Estruturou-se uma articulação chamada intersindical que desafiava as proibições ainda vigentes. Numa sala dos fundos do Sindicato do Vestuário, na rua Pinto Bandeira, reuniam-se João Paulo (do Vestuário), Mauro (dos Petroleiros), Olívio Dutra (dos bancários) e tantos outros combativos companheiros.
Também no SINPRO não foi diferente. Em 1979 militantes de base, de várias origens políticas, alguns com ligações partidárias, outros não, iniciaram uma mobilização para transformar radicalmente a atuação da entidade sindical dos professores das escolas particulares. Em 1980, ocorreram eleições. A oposição se divide em duas chapas e ganha a situação, permanecendo como Presidente o professor Mendes Geldelmann.
Nova eleição em 1983; dessa vez a oposição se unifica mas volta a perder. Só que agora, por pequena margem de votos. Como que a lembrar os versos de Brecht, o grupo se mantém na luta, há perseverança, aumenta a mobilização e por fim, a chapa encabeçada pelo colega Marcos Fuhr vence as eleições de 1986, contra outras duas chapas de oposição; curiosamente, a situação não concorreu. O Sindicato e a categoria iniciam uma nova e importante fase, desde então.
A ênfase da atuação sindical passa a ser a defesa das condições salariais e de trabalho; democratiza-se a atividade sindical, articulando com as associações das escolas e universidades, ao mesmo tempo que as fortalece. A qualidade do ensino passa a ser preocupação do sindicato.
Por decisão de Assembléia foi fechado o serviço médico; o SINPRO se enraíza no interior, estruturando delegacias sindicais, estando hoje com 15 delas, espalhados por todo o Rio Grande do Sul.
Em 1989, apenas o atual grupo que lidera o sindicato concorreu às eleições. Das urnas surgiu o mais retumbante aplauso à sua atuação: 94% dos eleitores disseram sim ao trabalho realizado na 1º gestão. Em 1992, novamente sem oposição, nova vitória.
Como resultado desse último pleito toma posse o “Sindicato Cidadão”. Sem descuidar das questões trabalhistas, a atual composição da direção do SINPRO busca a interação entre a nossa categoria e a sociedade que a envolve. Deixa a postura apenas corporativa (que é natural de um sindicato) para fazer crescer a consciência de cidadania da categoria que representa.
A crise do ensino em nosso País, que sempre esteve presente, aprofunda-se rapidamente. Nas escolas particulares, são baixos os salários dos professores, débeis suas condições de trabalho, por um lado; pelo outro, mensalidades escorchantes que aumentam a evasão dos alunos. Fora do muro dos colégios, a visão não é melhor: desemprego, concentração de renda e de terra, a saúde na UTI, a inflação de quase 30% ao mês, e corrupção que não parou no Collor.
A crise do ensino não está separada da crise geral do País. Portanto, correto e necessária a proposta do Sindicato Cidadão. É preciso combinar as ações em defesa da categoria e na busca de um país melhor.
Colega Marcos Fuhr, demais colegas da diretoria do SINPRO, recebam os nossos cumprimentos pelo aniversário da nossa entidade, que apesar dos seus 55 anos está hoje com uma vitalidade de adolescente. Um forte abraço; estamos todos de parabéns.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Lauro Hagemann.
O SR. LAURO HAGEMAN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Prezado companheiro Marcos Fuhr, Presidente do SINPRO, e professores aqui presentes. O Partido Popular Socialista não poderia ficar ausente desta homenagem que se presta hoje aqui, nesta casa, ao SINPRO pelos seus 55 anos de existência. E a Câmara Municipal de Porto Alegre é hoje palco de dois eventos muito significativos de alcance muito gratificante para a nossa perspectiva de cidadão deste País. Primeiro passou por aqui na Tribuna Popular o representante da ADFURGS, o professor César Vasconcellos; e agora homenageamos o SINPRO.
Dentro desse quadro desolador em que se vive, estas duas presenças hoje aqui significam para nós um alento, porque representam o que há de perspectiva para o futuro e perspectiva da saída para essa crise em que nos debatemos. O ensino realmente é hoje ou deve ser o principal objetivo da sociedade brasileira para se redimir, e isso depende de uma série de conjunções.
Vejo com muita satisfação a proposta do SINPRO nestes seus 55 anos que é a de extrapolar o corporativismo puro e simples e se preocupar com uma proposta para a sociedade. No dia 1° de maio por ocasião da solenidade em que se comemorou nesta Casa o Dia do Trabalho, eu dizia que falta à classe trabalhadora como um todo um projeto para si própria e para a nação. Hoje estou vendo que as coisas estão começado a andar nessa direção e muito rapidamente, isso me alegra porque nos traz uma nova perspectiva de atuação.
Lembro e o companheiro Guilherme Barbosa citou o fato de no início da década de 80, fins da década de 70, quando nos reuníamos para formarmos a Intersindical, o Sindicato dos Professores, o SINPRO, era um ilustre ausente, ou estava apenas começando a aparecer. E nós fazíamos questão porque era um sindicato importante. Ao lado do CPERS, que reúne os professores estatais, o SINPRO era uma força, e é uma força. Se a escola representa para a sociedade toda esta perspectiva de saída da crise, o professor, como agente desta escola, é elemento muito importante neste processo. E a ausência de um segmento importante do professorado neste processo de perspectiva de construção do futuro, era motivo de desgosto. Por isso é que se saúda os 55 anos desejando que ele, finalmente tendo retomado o seu caminho, nele permaneça. Este é o nosso desejo e o desejo desta Casa. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Temos a honra de passar a palavra ao Presidente do Sindicato dos Professores Particulares, Marcos Führ.
O SR. MARCOS FÜHR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores que se manifestaram nesta Sessão. Demais Vereadores. Companheiros professores, da Diretoria do SINPRO-RS, aqui presentes. Companheiro Hamilton Braga, Vice-Presidente do Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Sul.
Nós queremos, antes de mais nada, agradecer profundamente a deferência das homenagens que nos foram rendidas, aqui, hoje à tarde pelo diversos oradores que vieram a esta tribuna. Agradecer em nome da categoria, em nome dos professores particulares não só de Porto Alegre mas de todo o Estado. Agradecer também em nome de outros Sindicatos, de outras entidades da sociedade civil, e dizer que acreditamos que momentos como este de homenagens e de reconhecimento do Poder Público Municipal, Poder Legislativo, da sociedade civil organizada, representa um passo a mais nesta nossa longa caminhada pela consolidação da democracia em nosso País, pelo amadurecimento democrático em nosso País. Os diversos oradores que vieram aqui já destacaram a nossa história.
Nós, que dirigimos o sindicato e somos parte dessa história, temos muito orgulho dela. Nos orgulhamos desta história que, em luta, mesmo que recente, deu a sua contribuição importante neste processo de consolidação da democracia e de luta pela dignificação do exercício do magistério, pela valorização da educação como atividade estratégica para o desenvolvimento da nossa sociedade, no nosso País. Fizemos greves, tivemos vitórias, tivemos conquistas, melhoramos as condições de trabalho e de salários dos professores das escolas particulares do Rio Grande do Sul. Trouxemos a público o sempre pacato ensino privado do nosso Estado; ensino privado marcadamente confessional; ensino privado, infelizmente, muito marcado pelo seu estilo autoritário e que, também, apesar de ser elitista, pagava aos seus trabalhadores salários, muitas vezes, miseráveis. As nossas lutas nos dão, hoje, a dimensão das nossas conquistas. Mas infelizmente, nós, como destacou o Ver. Jocelin Azambuja, nós, que sempre nos colocamos na trincheira da luta geral pela educação, hoje, infelizmente, não podemos deixar de destacar, neste nosso momento de alegria e de satisfação pelo transcurso dos nossos 55 anos de fundação, a tristeza de ver que os nossos referenciais mais próximos e mais caros, no tocante à educação, nos dão muito mais a dimensão do retrocesso destes do que do nosso próprio avanço.
Sr. Presidente, quando começamos a nossa luta no Sindicato dos Professores, eu, particularmente, na militância da oposição sindical do SINPRO, na época, os salários percebidos por nós, professores dos colégios mais reconhecidos de Porto Alegre, eram salários muito próximos ao salário, ao piso salarial percebido pelo Magistério Público Estadual do Rio Grande do Sul. Lembro de uma conversa com o diretor de uma escola, ele dizia, que o seu projeto, a sua vontade, era chegar ao piso salarial do Estado. Hoje, infelizmente a situação se inverteu terrivelmente. Consideramos que, em parte, temos o mérito de nossas lutas que são públicas, que são reconhecidas e que foram motivo de homenagens deste Plenário. Mas, infelizmente, parte desta inversão se deve a uma trágica política oficial, tanto ao nível federal, como nos reiterados, nos seguidos governos estaduais, de um descaso para com o ensino público em nosso Estado, e esta situação daí decorrente, não nos é, de forma alguma, motivo de agrado ou satisfação dizer que os professores particulares ganham melhor do que os professores públicos, isto é motivo da mais profunda tristeza para nós porque somos daqueles que acreditam que nenhum país vai se desenvolver, vai resolver os seus problemas sociais mais sérios, mais graves, senão pelo ensino público de qualidade e extensivo a todos. O ensino privado, no nosso entendimento, deve ser uma opção livre da sociedade, jamais uma imposição pela omissão do Estado.
Então, nessa medida, constatamos, tristemente, este quadro em que, hoje, o piso salarial dos nossos colegas e esses colegas, às vezes, somos nós mesmos, porque como foi destacado aqui da tribuna a maioria dos professores particulares são, também, professores públicos. Esse quadro, acredito, tenha sido destacado muitas vezes nesta tribuna, pelos que, como nos, são lutadores por uma educação de qualidade.
Não poderíamos deixar, neste momento, em que aniversaria a Entidade, de destacar e referir este fato sobre o nosso “metier”, junto à educação em nosso País.
Agradecemos, particularmente, mais uma vez, as homenagens nos são prestadas, e queremos convidar a todos os Srs. Vereadores, a platéia desta Sessão, a participarem conosco, no domingo pela manhã, lá, junto ao Brique da Redenção, de um grande conserto ao ar livre, que nós estaremos patrocinando juntamente com a Ospa, em que estará tocando o famoso pianista Artur Moreira Lima. Pela primeira vez um concerto ao ar livre em nossa cidade, e nós consideramos como um presente da nossa Entidade no exercício desta nova proposta, que o Sindicato Cidadão estará dando à sociedade do Rio Grande do Sul. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerramos o período de Comunicações. Gostaríamos de registrar a presença, em nosso Plenário, nas Galerias, do Ver. Giovani Corrallo de Passo Fundo (PDT). Esteja em casa.
Sobre a mesa o seguinte Requerimento para ser votado:
- do Ver. Clóvis Ilgenfritz, solicitando Licença para Tratamento de Saúde no período de 19 a 21 do corrente.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Em continuidade declaro empossado em substituição ao Ver. Clóvis Ilgenfritz o suplente Darci Campani. Informo que V. Exª já prestou compromisso regimental nesta legislatura, ficando dispensado de fazê-lo e deverá passar a integrar a CUTHAB.
O SR. DILAMAR MACHADO: Requeiro a V. Exª que, ouvido o plenário, ingressemos imediatamente na Ordem do Dia onde constam apenas dois projetos de lei deste Legislativo, ambos concedendo Títulos Honoríficos de Cidadão de Porto Alegre: um de autoria deste Vereador, outro do Ver. Luiz Braz. Proponho, inclusive, que esses projetos sejam votados, pelo menos de minha parte, asseguro, sem discussão e sem encaminhamento, apenas para aproveitarmos o “quorum” deste momento, e depois retornarmos aos demais momentos da Sessão.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Dilamar Machado para inversão da ordem dos trabalhos. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Solicito ao Sr. 1º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para verificação de “quorum”.
O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada.) Há “quorum”, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Passa-se à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL
E VOTAÇÃO NOMINAL
PROC. 0798/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 27/93, de autoria do Ver. Dilamar Machado, que concede o titulo honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao senhor Dionísio Fuertes Alvarez.
Pareceres:
- da CCJ, Relator Ver. Jair Soares: pela aprovação; e
- da CEC, Relator Ver. Jocelin Azambuja: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. Solicito ao Sr. 1º Secretário que proceda à chamada nominal.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, eu consulto V. Exª se poderia, por requerimento deste vereador, dispensar a votação nominal e aprovar o projeto por votação simbólica.
O SR. PRESIDENTE: Infelizmente Vereador, os termos do art. 174, inciso 1º, do Regimento Interno, são de previsão de votação nominal, mas tranqüilizo o autor, dado que agora temos 27 Vereadores no Plenário.
Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação.
O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 27 Srs. Vereadores votaram SIM.
O SR. PRESIDENTE: APROVADO o PLL nº 27/93.
Requerimento, de autoria do Ver. Dilamar Machado solicitando seja o PLL nº 27/93 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação o Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL
E VOTAÇÃO NOMINAL
PROC. 0844/93 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 07/93, de autoria do Vereador Luiz Braz, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Nilo Salatino.
Pareceres:
- da CCJ, Relator Ver. José Gomes: pela aprovação; e
- da CEC, Relatora Verª Helena Bonumá: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação.
O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos Srs.
Vereadores.) Sr. Presidente, 27 Srs. Vereadores votaram SIM.
O SR. PRESIDENTE: APROVADO o PR nº 07/93.
(Votaram SIM os Vereadores Airto Ferronato, Décio Schauren, Dilamar Machado, Divo do Canto, Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, Helena Bonumá, Jair Soares, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mario Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Pedro Ruas, Wilton Araújo e Darci Campani.)
Requerimento, de autoria do Ver. Luiz Braz solicitando seja o PR nº 007/93 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação o Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Por solicitação do Ver. Nereu D’Ávila o Requerimento a seguir será votado destacadamente. Requerimento do Vereador Gerson Almeida, Voto de Congratulações com a Doutora Denise Frossard, juíza da 14ª Vara Criminal do Estado do Rio de Janeiro, que determinou a prisão de quatorze dos principais banqueiros do jogo do bicho.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimentos constantes na Ata.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença da Drª Esther Grossi, que está há dois dias nas dependências da Câmara Municipal de Porto Alegre realizando a Jornada de Estudos sobre Psicopedagogia, Linguagem e Sala de Aula, ministrado pela Drª Sara Pain, psicopedagoga argentina da Universidade de Paris, promoção do GEEMPA, coordenado pela Drª Esther Grossi. Hoje, último dia dessa Jornada, para honra do Plenário, estamos com essas senhoras. Registramos que a Casa, sempre que possível, vai participar desse tipo de realização em trabalho conjunto, não só com entidades como a GEEMPA, com quaisquer outras que tragam assuntos de tamanha importância para a Cidade de Porto Alegre e para o Estado do Rio Grande do Sul.
A SRA. ESTHER GROSSI: Apresentando a Drª Sara Pain, nós gostaríamos de dizer aos Vereadores do que está representando para os Professores, inclusive os de Santa Catarina e Paraná, que estão conosco, conviver aqui na Câmara dos Vereadores e de termos sido acolhidos num ambiente que está favorecendo muito à reflexão profunda que a Drª Sara Pain vem propor aos Professores.
Agradecemos em nome dos professores que estão lá, e hoje teremos uma palestra mais ampla, às 18h30 min, sobre a arte e a construção do conhecimento, porque justamente a Drª Sara Pain vem trabalhando nos últimos anos sobre a vinculação da cultura e da ciência, da lógica e do dramático e que é tão necessário para a nossa reinvenção da escola.
Muito obrigada pela acolhida, especialmente ao Presidente, uma vez chegamos aqui no dia do seu aniversário e não foi possível dar um abraço, mas o fazemos agora. Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE: A Casa agradece a manifestação. Tenho certeza de que os Srs. Vereadores já participaram de alguma forma na jornada que está lá, mas no fim desta tarde, assim que o Plenário permitir, nós nos faremos presentes lá mais uma vez. Há solicitação, por parte do PDT, de Período de Liderança. Com a palavra o Ver. Nereu D’Ávila.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o PT que está vinculado à ortodoxia política através do seu novo presidente regional radicalizando, inclusive, a respeito das coligações, é muito pouco ortodoxo quando se trata dos municipários, se não vejamos a notícia na “Zero Hora” de terça-feira, 18 de maio: “Municipários usam luto como protesto. Funcionários municipais de Porto Alegre trabalharam com uma tarja preta amarrada no braço em sinal de protesto à exigência da Prefeitura de que o sindicato da categoria retire da justiça uma ação que pede a reposição salarial de 26,45% relativos a uma parcela não paga em abril de 1990. Em troca a Prefeitura concordaria em avançar nas negociações do dissídio cuja data base é em maio. O sindicato reivindica uma política salarial com reajustes mensais, enquanto a Prefeitura vem praticando reajuste bimestrais. A presidente do sindicato Elizabete Tomazzi considerou “incoerência” a postura da Prefeitura, enquanto o Dep. Paulo Paim, do PT, propõe a adoção de reajuste mensal à nível nacional.” Pois é, então, o PT agora deu para isso, fazer pressão no Sindicato que, inclusive, o que tudo indica e todos nós estamos informados, é do PT o Sindicato dos Municipários. A Sra. Elisabete ganhou a eleição, no ano passado, em nome do PT.
Então, fica muito ruim o PT fazer esse tipo de pressão, fazendo maracutaia, ou seja, retira a reposição e negocia os avanços do dissídio, enquanto o seu Deputado Paulo Paim, na Câmara Federal, quer adoção do reajuste mensal. Aliás, nós estamos aguardando com grande expectativa a votação aqui, na Câmara, da Bancada do PT em relação ao Projeto do Ver. Luiz Braz que propõe, já está em Pauta, os pagamentos mensais na Prefeitura, visto que o Deputado Paim, quer a nível nacional, creio que o PT também queira a nível municipal. É muito estranho que uma ação cuja legitimidade é inquestionável, cujo direito dos funcionários foi negado mediante intensas tentativas de negociação política só lhes restando o caminho da justiça e, agora, somos surpreendidos com essa notícia que o PT faz pressão no próprio Sindicato para a retirada da ação tentando uma negociata com o dissídio. Eu creio que o PT, se hoje não fosse o Partido na Prefeitura, e qualquer administração, principalmente se fosse do PDS, estaria aqui vociferando a tamanha incongruência daqueles que não dão aos funcionários aquilo que lhes é de direito e ainda querendo obstaculizar o seu direito de buscar na justiça. Então, é, realmente, uma pressão de patrão, e patrão atrabiliário, que usa o seu poder para fazer negociata com dissídio. É lamentável que a administração do PT faça tamanha incongruência com os funcionários. Agora, eu quero que a coluna vertebral do Sindicato, dominado pelo PT, não se transforme em mola, não se dobre a esse tipo de coisa, porque o sindicato, neste momento, sim, representa toda a classe do funcionalismo e, aliás, a própria Câmara Municipal, também está na Justiça em busca desses 26%.
De modo que é, por todos os motivos, bastante grave e politicamente demolidora essa notícia, porque um Partido que pretendeu se diferenciar das “máculas” dos partidos tradicionais faz exatamente aquilo que é vergastado por todos aqueles que reconhecem seu direito e busquem a justiça. Por tudo isso, essa noticia é verdadeiramente lamentável ao PT com seu novo perfil. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Liderança,
com o Ver. João Dib, pelo PDS.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, estou surpreso com a surpresa do Ver. Nereu
D`Ávila. Fui servidor municipal ao longo de 34 anos e formei dois filhos
médicos e um economista unicamente com o salário de engenheiro da Prefeitura e,
eventualmente, secretário. A escola pública eles cursaram até a universidade,
da universidade em diante, passaram à escola paga. E o salário permitia que se
fizesse esse atendimento. Nunca me curvei para ninguém, nunca pedi nada e com o
salário de engenheiro municipal, eu podia fazer isso. Hoje eu não poderia
manter com o salário da Prefeitura um dos dois médicos na universidade.
Então, a surpresa do Ver.
Nereu D`Ávila é que me deixou preocupado. Aprendi hoje com os professores e com
o ilustre Vereador Guilherme Barbosa que o regime militar era um regime
terrível. Mas foi nesse regime militar que eu fui prefeito e tinha contato
quase que diariamente com os servidores municipais. Eles não precisavam marcar
audiências e nem eram pressionados, não tinham sindicato, mas uma associação
deles. Sempre viram todas as coisas que quiseram ver, porque a eles eram
abertas todas as portas. Hoje, a Prefeitura não envia para a Câmara os seus
balancetes mensais. Tem uma lei que iníqua, desonesta, que foi aplicada
impiedosamente, pois o Sr. Olívio, que sabia tudo de sindicato, massacrou o
Sindicato e fez uma lei retirando do bolso do servidor municipal um dinheiro que
ele já havia ganhado. Em 31 de julho de 91, ele roubou 40% do salário dos
municipários e estão falando agora de fazer a mesma coisa! Uma Prefeitura que
terminou o mandato do Prefeito com setenta e dois bilhões de cruzeiros em
caixa! Só de IPTU, nos dois primeiros meses, arrecadou duzentos e sessenta e um
bilhão de cruzeiros, muito mais do que estava previsto para todo o ano, e está
pensando em pagar menos do que os 100%. Está pressionando, quer que se retire
da Justiça para, então, pagar os 100% da bimestralidade que o servidor tem
direito. O Código Civil, em seu artigo 6º, diz que a Lei só retroage para
beneficiar, nunca para prejudicar. E, no dia 30 de junho, o servidor municipal
tinha a bimestralidade completada, e não me digam que não havia índice, pois
quando fizeram essa iníqua lei, passou a ter, então, o índice e ela deveria
retroagir, para dar o direito ao servidor municipal.
Quando veio essa lei, não
poderia ser mudada uma palavra. Qualquer emenda e os municipários não
receberiam. Não havia reajuste do salário do municipário correspondente a março
e abril, não tinha maio e junho. Ora, o presidente do Sindicato era um
inexperiente, perto do grande professor Olívio Dutra que, de sindicato, sabe
tudo. Diz o Dr. Barbosa que reuniu numa sala escura... até no escuro ele sabia
o que fazer! Vejam o que o Darwin Ribas sabia fazer para um homem que sabia
tudo sobre sindicato, e usou como um patrão terrível que não tinha diálogo. E
não tinha nada: ou é como é, ou não vai ser nada. E quero lembrar, Ver. Nereu D`Ávila,
que seis líderes assinaram o documento, pedindo uma audiência para o Sr.
Prefeito Municipal, para tentar intermediar a crise, e não foram recebidos.
Então, por que surpresa? Eles vão tentar tirar mais dinheiro do municipário.
Eu mostrei o exemplo do meu
salário. Eu, quando Prefeito, ganhava menos do que um Engenheiro aposentado.
Eu, como Engenheiro aposentado, ganhava mais 20% do que o Prefeito. Hoje, o meu
salário é só 40% do que ganha o Prefeito. Este é o poder aquisitivo do
municipário que o Sr. Tarso Genro, agora mal-orientado, talvez, está querendo
reduzir mais ainda. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Wilton Araújo): Com a palavra, o Ver. Jocelin Azambuja.
O SR.
JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, realmente, a questão salarial, hoje,
preocupa todas as classes trabalhadoras deste País. E é com justa manifestação
que os municipários estão reivindicando uma reposição salarial que atenda as
mínimas exigências de sobrevivência e manutenção para si e seus familiares. Por
isso, creio que o Projeto do Ver. Luiz Braz, nosso Colega de Bancada, que prevê
justamente o reajuste mensal dos servidores municipais, não terá nenhum
problema de ser aprovado nesta Casa. Eu já vejo, Ver. Luiz Braz, que o seu
projeto já está aprovado, tranqüilamente. A Bancada dos Vereadores do Partido
dos Trabalhadores aprovará com tranqüilidade, até porque o seu Deputado Federal
que tanto admiramos e queremos bem, o Deputado Federal Paim, apresentou projeto
semelhante.
Então, temos certeza que
este é um Projeto sobre o qual os municipários podem começar a ter toda
tranqüilidade de que será aprovado, com regime de urgência, com tudo o que é
necessário para dar, aos municipários, um pouco mais de tranqüilidade. Essa
será uma contribuição muito positiva deste Plenário, destas Bancadas, aos
municipários de Porto Alegre.
Faço este registro em razão
da grande manifestação que hoje grassa em todos os corredores das repartições
municipais de Porto Alegre.
Mas, nós dizíamos, no início
da Sessão, que hoje era um dia para tratar de educação e, aí, tivemos, aqui,
para complementar, além das manifestações da Associação dos Docentes da UFRGS e
do Sindicato dos Professores Particulares, também a manifestação da
ex-Secretária de Educação Municipal Esther Grossi, que nós saudamos com
alegria, que, junto com professores, realiza um encontro nas dependências da
Câmara. Mas, a par de toda essa realidade e dessa questão salarial gritante por
que passam todas as categorias salariais, nós temos que destacar que na sexta-feira
haverá uma assembléia do magistério público estadual no Gigantinho, onde estará
brigando para ver se consegue ganhar algo mais que possa, quem sabe, chegar a
um salário mínimo de piso.
É uma verdadeira loucura um
professor estadual mendigando audiência com o Governador, mendigando audiência
com a Secretária de Educação. Hoje, parece que conseguiu uma audiência com o
Vice-Governador do Estado no exercício da governança. Conseguiu, o
Vice-Governador não decidiu nada, mas ouviu tudo, e o magistério vai para uma
assembléia brigar para ver se consegue ter um piso de três ou quatro milhões de
cruzeiros, enquanto a Secretária de Educação do Estado viaja pelo mundo,
conhecendo a educação maravilhosa dos outros países. Já foi ao Japão, agora,
está na França, vendo os mil e duzentos dólares que ganha um professor primário
em início de carreira. Quem sabe ela se emocione e volte de lá, dizendo ao
Governador que dê um aumento decente aos professores do Estado do Rio Grande do
Sul.
E, diga-se de passagem que nunca
teve um Governo que tenha tido tanta complacência da imprensa do Estado do Rio
Grande do Sul como este. Porque na área da educação para se conseguir publicar
uma matéria hoje é uma dificuldade. Posso dizer que a Federação dos Círculos de
Pais e Mestres do Rio Grande do Sul não consegue publicar nada, faz reuniões do
seu Conselho Geral, não sai nada em “Zero Hora” ou “Correio do Povo”, não sai
nada.
Isso me causa preocupação.
Até tinham emissoras que faziam programas falando de problemas da área da educação,
isso simplesmente mudou tudo. E a Secretária, hoje, está sendo magnânime.
Só para concluir, digo ao
Srs. Vereadores que se preocupem, porque Porto Alegre hoje, e já não conseguem
mais trancar os jornais, estamos no dia 19 de maio e os alunos, ainda, não tem
aulas. E as escolas estão sem professores. As crianças do calendário B, com
seus 19 mil estudantes que existem, não têm aulas ainda porque não há
professores. Me expliquem como acontece isto, porque não entendi até agora.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com
a palavra, o Ver. Guilherme Barbosa, em tempo de Liderança pelo PT.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores; hoje, realmente, é o dia dos espantos.
Começa com a coragem do Ver. Nereu D’Ávila vir aqui falar em salários, em
Prefeito truculento, em Administração truculenta. Fazem vários meses, muitos
meses, que o Sr. Governador Alceu Collares não recebe a Diretoria do CPERS.
A defasagem salarial no
Governo do Estado, do funcionalismo ultrapassa 500%. A defasagem salarial dos
municipários de Porto Alegre é de 30%, Ver. Nereu D’Ávila. Veja só a relação.
Também fico muito espantado com a coragem que tem de vir falar neste assunto.
A truculência da Secretária
da Educação é famosa. O seu autoritarismo ultrapassa fronteiras. Existia
eleição para Diretor de escola e não existe mais. Só nas escolas do Município.
E o Vereador vem falar em governo truculento. É difícil de acreditar.
Eu
também fico surpreso com o Ver. João Dib, eu tenho aqui, por acaso, é bom a
gente ter os dados, também sou engenheiro
e gosto muito de números. Durante o governo do Prefeito João Dib a inflação foi
3.270%, o maior reajuste dado pelo Prefeito João Dib foi 2.680%. Portanto,
Vereador, tem que lembrar do passado. Se a gente pega o Prefeito Collares então
é uma tristeza, é de chorar, todo mundo sabe que os municipários tiveram o
período mais arrochado da sua história com o Prefeito Collares. Tanto que no
último mês, já tendo perdido a eleição, ele aumentou por três a folha salarial dos
municipários, que nós resolvemos pagar, porque sabíamos que os salários estavam
muito defasados e era preciso pagar. No primeiro mês do nosso governo, janeiro
de 1989, tivemos que pedir empréstimo porque não tinha caixa para pagar a folha
dos municipários. O governo Collares teve uma inflação de 9.646%, o maior
reajuste que aconteceu aos municipários foi 5.726 e tem a coragem de vir falar.
O mês de maio é período de negociação salarial, há defasagem sim de 30%, não
negamos, mas se tomarmos o último ano há um reajuste acima da inflação em 16%.
Nunca dissemos e não digo agora, o salário dos municipários que não é o salário
que gostaríamos de pagar, mas não há registro recente de administração que
tenha tido uma relação digna, inclusive fraterna com a categoria. Que chegou ao
ponto desde o início do seu governo a ceder uma casa para que o sindicato tenha
a sua sede, é um movimento pequeno sim, mas demonstrou desde logo a relação que
a Administração Popular queria ter com seus funcionários, com seus municipários.
Nunca houve uma Prefeitura que tivesse essa relação tão amistosa com seus
municipários. O Prefeito Collares, lembro bem, ele não foi linchado na frente
da Prefeitura por pouco. O Prefeito Olívio Dutra percorre e percorria, na época
de campanha, todos os locais de trabalho da Prefeitura. O Prefeito Tarso Genro
que era o Vice-Prefeito fez campanha em todos os órgãos municipais. Eu convido
o Governador Collares a fazer o mesmo! Eu convido o Governador Collares a fazer
o mesmo, a percorrer os órgãos da Prefeitura. A lembrança que os municipários
têm deste Governador é trágica no Município, e, aliás, este mesmo procedimento
está acontecendo no Governo do Estado, quer dizer, o jogo é para desmontar as
entidades dos trabalhadores. Se joga com toda a força para desmontar o CPERS,
todo o esforço para tentar desmontar o SENERGISUL. Se economizou cento e um
bilhões de cruzeiros em abril e logo depois se montou uma campanha publicitária
de três milhões de dólares, ultrapassando o que tinha economizado com a folha.
Por isso, o meu grande espanto que o Ver. Nereu D’Ávila tenha a coragem de vir
falar de salário dessa tribuna.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Passa-se à
PAUTA ESPECIAL
DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC. 1252/93 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 28/93, que dispõe sobre o Plano Plurianual para o
quadriênio de 1994/1997 e dá outras providências.
O SR. PRESIDENTE:
Não há oradores inscritos na Pauta Especial.
PAUTA – DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC. 1075/93 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 45/93, do Vereador José Gomes, que denomina Praça Jairo
Domingo de Galisteo um logradouro público localizado na Cidade de Deus, no
Bairro Cavalhada.
PROC. 1270/93 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 12/93, do Vereador Wilton Araújo, que cria a Avenida Cultural
Clébio Sória. Com Emendas de nºs 01, 02 e 03.
2ª
SESSÃO
PROC. 0934/93 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO
Nº 011/93, da Vereadora Maria do Rosário, que obriga os estabelecimentos de
cultura e lazer a aceitarem o pagamento de ingressos, nos mesmos, através de
cheques.
PROC. 1124/93 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
049/93, do Vereador Antonio
Hohlfeldt, que denomina Rua David Dutra Soares um logradouro público localizado
no Bairro Belém Novo - Com Emenda.
PROC. 1184/93 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
057/93, do Vereador Airto Ferronato,
que denomina Rua Nilo da Silva Marques um logradouro público localizado no
Bairro Farrapos.
PROC. 1154/93 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
054/93, do Vereador Luiz Braz, que
altera a Lei nº 6.855, que dispõe sobre a política salarial dos servidores do
Município de Porto Alegre, concedendo reajuste mensal aos servidores.
PROC. 1035/93 - SUBSTITUTIVO Nº 01, do Ver. João Dib, ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 03/93, que trata do
realinhamento do Preço Básico praticado pelo DMAE. (Processo Com Emendas
de nºs 01 a 05, e uma Subemenda à Emenda nº 01).
PROC. 1117/93 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 48/93, de autoria da Vereadora Maria do Rosário, que torna
obrigatória a instalação de cestinhas de lixo nos ônibus de transporte coletivo
de Porto Alegre e dá outras providências.
PROC. 1126/93 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 51/93, do Ver. Antonio Hohlfeldt, que denomina Largo Heli
Borba de Araújo um logradouro público localizado no Bairro Belém Novo. Com
Emenda nº 01.
PROC. 1134/93 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 52/93, do Ver. Jocelin Azambuja, que proíbe o uso de bancos
de fibra de vidro no sistema de transporte coletivo desta Capital.
3ª SESSÃO
PROC. 0905/93 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 34/93. de autoria do Vereador Raul Carrion, que dá nova
redação ao art. 7º da Lei nº 5. 891, de 08. 05. 87 e revoga o art. 8º da Lei nº
6. 775, de 03. 01. 91. (Reajuste tarifário.)
PROC. 1125/93 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 50/93, de autoria do Vereador Antonio Hohlfeldt, que
denomina Rua Natal Condotta um logradouro público localizado no Bairro Belém
Novo. Com Emenda.
O SR. PRESIDENTE: O
Ver. João Dib está com a palavra.
O SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. Guilherme Barbosa deveria saber mesmo é
explicar aquele aumento que o DMAE está pedindo. Eu até já pedi que ele o
fizesse e ele não faz. Agora, não venha explicar os aumentos concedidos na
Administração João Dib, porque ele não tem alcance para isso, até por que não
sabe como funcionava. Não sabe. Nem o Ver. João Verle, que lhe deu os dados,
não sabe. Realmente eu coloquei o salário da Prefeitura em dia. No ano de 85 a
inflação foi de 235% e o acréscimo dos servidores foi 301%. Então não venha ele
aqui, ele não sabia como funcionava. Não era bimestral. Eu recebi a Prefeitura
no dia 8 de abril com um aumento que já havia sido dado em novembro, de 100%,
então não me venha explicar como é que se faz conta.
Agora o que eu quero é que o
Projeto do Ver. Luiz Braz seja aprovado, para demonstrar a coerência, a
honestidade e a seriedade do Partido. Porque esta estória de dizer “eu sou
presidencialista, mas voto no parlamentarismo”, ou “eu sou parlamentarista, mas
voto no presidencialismo”, não me serve. Seriedade, competência e
responsabilidade. E é isto que eu quero que aconteça agora com a Lei que está
propondo o Ver. Luiz Braz. Nada diferente do Deputado Paulo Paim. Eu acho que
copiar às vezes até é bom. Eu quero que copiem, e que copiem assim de uma forma
inteligente. Eu quero ver o Prefeito, com aquela seriedade que tem, com aquele
seu conhecimento de causas trabalhistas, dar o atendimento justo ao proposto
pelo Ver. Luiz Braz, e que já houve manifestação favorável da Liderança do PTB,
sei que o PDT também é, o PDS também será, e todos os demais, o PFL será
também, Agora quero ver o PT aqui o que é que vai fazer. Os mesmos que não
receberam 6 líderes que assinaram um documento. O Prefeito não os recebeu. E
tirou o salário do bolso dos Municipários, que já estava ganho. Mas ele não
teve dúvida: tirou. E vem aqui contar que deu 16%. Não roubou também nesse
tempo, porque nunca mostrou as contas; e as minhas contas davam diferente. E se
eu mostrava uma conta e dizia que devia dar 130%, e ele não dava, dava 110 ou
100%, era lógico porque eu cobrava todos os dias que ele trouxesse aqui as
contas para mostrar como eles pagaram 60, 100 ou 110%.
Então, Dr. Guilherme Barbosa,
explique as contas do DMAE, que está precisando de dinheiro, e aí nós iremos
também ajudar o DMAE. Mas não faça contas do passado que não sabe fazer, não
que lhe falte competência pois é engenheiro como eu, mas também tem que
conhecer. Não receba informações e as transmita sem a devida análise, porque se
eu disse aqui que os funcionários eram recebidos - e eram mesmo -, e às vezes
numa mesma semana três ou quatro vezes. Não tinha que marcar audiência, o
Prefeito tinha tempo. Eles fizeram greve, o que quiseram, e o Prefeito lhes deu
alto-falante, local para fazer, e com toda a tranqüilidade. Um dia mandei fazer
uma comissão paritária entre Vereadores, onde estava o PT representado pelo
único Vereador que tinha.
Fizeram todas as contas e
verificaram que não havia dinheiro. Então o PT assinou assim: tinha dez bilhões
de reserva de contingência; tudo para pessoal. “- Mas Vereadores, eu já gastei.
Vocês aprovaram quatro bilhões e meio de cruzeiros, eu não tenho dez.” São
quinze bilhões para obras; tudo para pessoal. “- Mas Vereadores, estamos em
maio. Se eu não tivesse gasto nada dos quinze bilhões, vocês tinham me tirado
daqui correndo; se eu não tivesse usado para fazer obra, teriam me tirado
correndo.” Cinco bilhões para o DMLU; tira. “- Mas vou deixar a cidade suja.”
Para o DEP não podia dar, eu dei dinheiro para o DMAE em 1985.
Portanto, Ver. Barbosa, faça
as contas e a Prefeitura tem dinheiro sobrando e aprove o projeto do nosso Ver.
Luiz Braz, para mostrar a sinceridade, a seriedade daqueles discursos para os
mesmos discursos que eu disse para o Professor Vasconcellos, que ele estava
levando apenas palavras, ele não estava levando nada, não aconteceria coisa
nenhuma. Ele só teria palavras; não levou da minha Bancada essas palavras. Eu
disse que teria que ter seriedade, responsabilidade, competência, coerência. E
é por isso que eu espero que o Partido dos Trabalhadores, pela unanimidade,
venha a dar o apoio ao Projeto do Ver. Luiz Braz. Porque não pode ser
diferente. É o Partido dos Trabalhadores. Como é que nós vamos fazer? São os
que criticam o passado, que a ditadura militar fez o mal para todos. Mas não se
passava fome neste País como se passa agora. Os salários da Prefeitura eram
maiores do que hoje. Eu disse, que como Prefeito eu ganhava menos do que como
engenheiro aposentado. E hoje eu ganho quarenta por cento do que ganha o
prefeito aposentado. Onde é que está esta explicação? Se o Governador Collares
não pode ir lá na Prefeitura fazer as visitas, é de tanto cargo em comissão que
tem lá. No DMAE tinha oito. Hoje tem 21 e estão querendo fazer mais. Querem as
direções todas do PT, vinculadas ao Partido e discutindo a política para o
partido. Eu mostrei um documento aqui. Querem mais.
Então eu espero, Ver.
Guilherme Barbosa, que, com a mesma seriedade do cálculo - admito que errou,
mas foi feito com seriedade. Espero que o projeto do Ver. Luiz Braz tenha no
mínimo o seu voto. E se o Ver. Campani estiver aqui, que é o substituto do
Diretor-Geral do DMAE, também deve dar o seu voto, porque nós temos aí algumas
dezenas de CCs e algumas centenas - um dia eu contei 823 - estagiários. Eu
nunca tinha visto tanto estagiário na Prefeitura. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Próximo Vereador inscrito é o Ver. Airto Ferronato Ausente. Com a palavra, o
Ver. Guilherme Barbosa.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estou inscrito
para discutir projeto de reajuste do DMAE, através do substitutivo do Ver. João
Dib, que propõe que o reajuste solicitado, de 37,8% seja realizado através de 6
parcelas. Evidentemente, que preocupa a Administração um reajuste de 37,8 ou de
38%, arredondados, numa situação atual em que os salários são baixos, a
inflação se aproxima de 30% a cada mês e não há perspectiva, em curto prazo, de
que isso seja revertido. Por outro lado, este é o ônus de quem está no
Executivo e, de certa forma, este ônus se transfere para o Legislativo porque é
necessário que a Câmara aprove um reajuste acima da inflação. Sabendo-se que
mesmo sendo a nossa Cidade a melhor capital do Brasil, em termos de saneamento
básico, ainda temos 4% da nossa população, que significa 50 mil pessoas, em
Porto Alegre, que é a população de uma cidade média do interior, sem o
abastecimento regular da água tratada do DMAE. Evidentemente que essas pessoas
são as mais pobres, as mais carentes, aquelas mais vulneráveis às doenças
veiculadas pelo esgoto, pela falta de saneamento. Vinte e cinco por cento da
nossa Cidade não tem rede de esgoto ainda. O tratamento deste mesmo esgoto é a
maior chaga da nossa capital, apesar de ela ser a melhor capital do Brasil em
termos de saneamento básico. Encontramos o percentual de 1% no tratamento,
elevamos para 5% o tratamento do esgoto na Cidade. Mas, vejam, uma das
principais capitais do Brasil trata apenas 5% do esgoto que produz. Isso
significa que os restantes, 95%, vão, de alguma forma, poluir o solo, os
arroios que, no final, poluem o Rio Guaíba. É inadmissível, Srs. Vereadores,
que continuemos assim.
Espero, e há todo um
procedimento montado, desde 1990, contra a presença do cólera, esta doença tem
chegado cada vez mais perto de Porto Alegre. É preciso que recuperemos esta
carência que ainda existe na nossa Cidade. As cinqüenta mil pessoas que não
possuem água encanada em sua casa; os vinte e cinco por cento da Região da
Cidade que não têm rede de esgoto, e a Cidade como um todo padece da carência
de noventa e cinco por cento do tratamento do seu esgoto.
Como se faz isso? Só será
possível fazer isso com recursos que permitam manter um percentual alto de
investimento na Cidade no setor de saneamento básico.
Então, este é o dilema que
tanto o Executivo tem, e transfere para o Legislativo na medida em que o
aumento real precisa de uma aprovação desta Casa. Esse é o dilema: por um lado
o bolso do cidadão porto-alegrense, por outro lado, parcela desta mesma
população com carência de saneamento básico. Por onde nós caminhamos? A relação
que se faz, já repetimos isso, entre outras tarifas e a tarifa do DMAE, a
defasagem é muito grande. Sempre se tem trabalhado numa relação de sessenta por
cento com a tarifa da CORSAN, que tem praticado uma tarifa necessária e real,
neste momento a defasagem é de setenta por cento. O DMAE trabalha com trinta
por cento da tarifa da empresa estatal. E, mesmo fazendo movimentos para que se
obtenha a utilização do departamento, não se consegue ultrapassar e fazer
mágica a esse nível.
Então, há, sim, uma
necessidade de trinta e oito por cento do reajuste da tarifa do DMAE. Eu
acredito, e tenho conversado muito com todos os companheiros Vereadores, sinto
mesmo naqueles que têm uma dificuldade grande em aprovar esse reajuste - o
reajuste é necessário - há uma preocupação das pessoas na nossa Cidade. Sendo
assim, podemos achar uma saída que seja boa para a Cidade, para as pessoas,
para os Munícipes e para o Executivo, que, no final, vai ser boa também para as
populações.
O Sr. João Dib: V. Exª Permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Ver. Guilherme Barbosa, eu realmente apresentei um substitutivo parcelando em
seis vezes e, às vezes, cheguei a ter dúvidas quanto à necessidade ou não. Eu
conversava com o Ver. Jair Soares: o DMAE vai levar saúde, nós podemos até
correr o risco de parcelar em seis vezes, porque o DMAE também faz grande
investimento e isso tem que ser reconhecido. Não vai ser feito para
publicidade, não, vai ser feito para realizar obras. Se aprovarmos o
substitutivo, estaremos fazendo um bom trabalho para a Cidade.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Agradeço seu aparte, Ver. João Dib. Eu digo algumas
vezes que saneamento é medicina preventiva. Aonde existe saneamento - água
potável, a rede e, melhor ainda, o tratamento do esgoto - nós teremos menos
doenças nessa localidade, principalmente, das crianças. A minha preocupação em
parcelar em seis vezes esse reajuste é que, pelo gráfico apresentado, através
do qual vem sendo feito o acompanhamento do desenvolvimento da tarifa do DMAE,
verificando-se que a perda que o Departamento está tendo vem desde o ano
passado, parcelar em seis vezes significa que a gente recupera o índice, mas
não recupera a arrecadação. E, se hoje temos uma defasagem de 38, se alongar em
seis vezes, estaremos, de certa forma, prolongando as dificuldades financeiras
do DMAE.
O Sr. Fernando Zachia: V. Exª permite? (Assentimento do orador.)
Particularmente, entendo correto o realinhamento das tarifas do DMAE, mas tenho
uma preocupação que me parece que é do Executivo: o alto percentual de água não
medida. Praticamente quase que a metade da água produzida pelo DMAE, por
circunstâncias - fuga d’água, ligações clandestinas, órgãos municipais que não
pagam - um percentual que chega quase a 50%. Nós sabemos - e V. Exª melhor do
que nós - que o índice do Primeiro Mundo é de aproximadamente 20%. Essa
diferença - Primeiro Mundo, 20%, e, Porto Alegre que não é Primeiro Mundo, mas
também não é Terceiro - para essa diferença o executivo tinha que criar um
mecanismo para que pudesse diminuir, originando recursos para que se
continuasse a investir em saneamento básico, que me parece extremamente
necessário.
O SR. GUILHERME BARBOSA: São quatro as fontes
dessa água não-medida: o próprio tratamento nas estações, o processo inevitável,
em torno de cinco por cento. Dez por cento dos prédios públicos municipais,
inclusive a Câmara, não paga água. Temos vinte e cinco por cento de perda de
água na rua e cerca de dez por cento de ligações clandestinas. Nossa
Administração tem trabalhado muito nos dois últimos pontos, substituindo redes,
já disse, nós fizemos mais do que as duas últimas administrações somadas,
colocando hidrômetros para regularizar as ligações clandestinas. Todas as
ligações que foram feitas, na minha Administração, Ver. Zachia, foram
hidrometradas e mais doze mil ligações anteriores em que não havia hidrômetro.
Então, há todo um trabalho da nossa Administração para corrigir esses
problemas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Com a palavra, a Verª Maria do Rosário.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, o que me traz a esta tribuna é a
necessidade de fazer uma reflexão acerca da situação do País. Recebi um
telefonema do Gabinete do nosso Deputado Federal Édson Silva, informando a
demissão da Secretária de Administração do Governo Itamar, Luíza Erundina.
Luíza Erundina, nos últimos dias, batia-se na defesa dos interesses do
funcionalismo público federal e, particularmente, buscava encaminhar a solução
à greve deflagrada, na última semana, pelos servidores públicos federais.
Parece-me que, Srs.
Vereadores, e nosso Partido, o PC do B, na última semana, tirou uma nota
nacional acerca da questão, graves ameaças pairam sobre a Nação brasileira.
Aceleram-se medidas que comprometem a Nação como um todo, a soberania nacional.
Aceleram-se as iniciativas de privatizações, entregando-se o capital nacional a
grupos privados por preços, verdadeiramente, irrisórios. O que se vê, no Brasil
dos nossos dias, não é aquela esperança que tinha a população brasileira, quando
foi para as ruas pela retirada de um governo, não só por ele ser corrupto, mas
por nos colocar sob o tacão de um projeto desnacionalizante e comprometido com
o capital estrangeiro.
O que se vê é que nesses
poucos meses, o Governo Itamar não consegue enfrentar a dura crise econômica e
social que já vem de longa data no nosso País, mas mais do que isso, que frente
à pressão das elites dirigentes, dos banqueiros internacionais, frente às
concessões exigidas por esses setores interessados em subjugar o povo
brasileiro, o Governo Itamar nada faz, nada apresenta. Anuncia medidas que não
realiza e vai comprometendo, no dia-a-dia, um futuro independente que nós nas
ruas dissemos e pelo qual nós lutamos. É uma verdadeira conspiração nacional
contra a soberania e contra a democracia, ou não é assim que podemos qualificar
as investidas pela revisão constitucional, as investidas que buscam atacar a
democracia, restringir a liberdade partidária, restringir, ainda mais, a
possibilidade de manifestação de um povo que sofre a duras penas a crise social
e econômica? O que se busca, pelas medidas que o Governo Itamar toma, e
particularmente no processo de golpe na revisão constitucional, não é nada
mais, nada menos, do que o desmonte do Estado Nacional e sua reestruturação nas
bases mais conservadoras possíveis.
Nós precisamos unir forças,
cerrar fileiras, e sensibilizar a sociedade civil organizada, e fazer com que a
nossa pressão seja mais forte do que é hoje a pressão dos banqueiros e do
capital financeiro internacional. Sobre isso eu gostaria de me referir,
particularmente, à nota divulgada num manifesto assinado pelo Tenente
Brigadeiro do Ar Ivan Moacir da Frota, nos jornais do centro do País, que, na
sua íntegra, trata sobre as Forças Armadas, o derradeiro baluarte. O Brigadeiro
do Ar faz uma denúncia do que se tenta fazer das Forças Armadas do Brasil, e é
de extrema importância a reflexão entre nós, no momento em que tropas
americanas estão nas Guianas, no momento em que se ameaça a Amazônia, em que se
ameaça o território nacional, no mesmo momento a investida imperialista se dá
no sentido de na desestruturação do Estado Nacional, atacar também a
possibilidade de autodefesa do Brasil. É muito justa a nota apresentada,
principalmente quando o Brigadeiro coloca: “É passada a época da quartelada e
golpes militares”, mas diz ainda: “que no âmbito internacional, os países ricos
prosseguem na implantação de sua nova ordem mundial contra os países pobres.”
Nós devemo-nos unir, devemos
buscar setores nacionais sinceros com a luta da Pátria e fazer um movimento que
pressione este governo Itamar e que exija um novo rumo para o nosso Brasil.
Este é o sentimento de uma nação inteira, e é o sentimento que nós devemos
expressar. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
José Gomes.
O SR. JOSÉ GOMES: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu me inscrevi para discutir o projeto do Ver. Luiz Braz, Processo
1154/93, que dispõe sobre a política salarial. O que estou vendo neste projeto
é uma preocupação do Vereador com a política salarial dos servidores da
prefeitura, ou do município. Aqui se falou muito na questão do Governo do
Estado, que não recebe professores, não recebe o sindicato da Polícia Civil. Ou
seja, há um tratamento diferenciado para esses servidores que não são da mesma
linha política do Governo do Estado.
Recentemente, o Governador
Alceu Collares concedeu um reajuste salarial de 36% a 91% para os servidores
públicos do Estado. Agora, acabo de receber um “fax” de um projeto que o Governo
do Estado está mandando para a Assembléia Legislativa, é o Projeto de Lei nº
125/93, que concede uma contemplação salarial aos servidores que exercem
Funções Gratificadas - as chamadas FG’s - e, pasmem, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, que esta é mais uma manobra do Sr. Governador do Estado, para a
pequena casta de profissionais privilegiados pelas Funções Gratificadas, - e
este Projeto de Lei é específico para os servidores da Polícia Civil e da
Brigada Militar, ou seja, os delegados e os oficiais superiores da Brigada
Militar. Diz o seguinte o seu Art. 3º: “As Funções Gratificadas próprias da
Polícia Civil e da Brigada Militar, dos padrões 7 ao 12, receberão pelas
atividades mencionadas no inciso... ”
O SR. PRESIDENTE: Vereador, nós estamos
procurando na Pauta o Projeto que V. Exª está discutindo, que me parece, diz
respeito às Polícias Militares do Estado.
O SR. JOSÉ GOMES: Se V. Exª tiver a
benevolência, eu entrarei na Pauta.
Concluo, afirmando que esta
gama de funcionários desses padrões tiveram um aumento de 36%, mas as Funções
Gratificadas estão tendo um aumento de 76,68%, ou seja, para delegados e para
oficiais superiores. É uma preocupação que nós, como servidores, devemos ter
neste quadro de privilégios de uma casta dentro do quadro do Estado.
A discussão do Projeto do Ver.
Luiz Braz traz à tona isso para que possamos discutir a questão salarial dos
servidores do Município. O Ver. Luiz Braz é um sábio político e está muito
preocupado com este quadro que ocorre no Município. Eu quero parabenizá-lo e,
tenho certeza, de que será bem avaliado nas Comissões, mas não podemos
esquecer, aqui, esta maracutaia que o Governador do Estado está empurrando
goela abaixo dos servidores do Estado. Não podemos esquecer este objetivo. Ora,
ele concede aos servidores do padrão superior do Estado 36% de reajuste
salarial, ao mesmo tempo concede 76,68% de aumento de gratificação. Estão
brincando com os servidores que ganham menos no Quadro do Estado.
O Sr. João Dib: V. Exª me permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Nobre Vereador, é bom não esquecer que o Executivo Municipal tem um Projeto,
tentando fazer com que a dedicação exclusiva seja dada, não apenas aos
portadores de curso superior mas a qualquer um, talvez tentando acertar algumas
pessoas do PT.
O SR. JOSÉ GOMES: V. Exª está tentando
obstruir a minha intervenção na Tribuna. Estou discutindo um Projeto do Ver.
Luiz Braz, ao qual tenho muita honra em discutir, e V. Exª está obstruindo um
discurso deste humilde Vereador. V. Exª me deixa constrangido de rebater, mas
saberei dar a resposta. A preocupação do Governo do Município é o salário dos
servidores, não só do Sr. Prefeito mas como de todo o Secretariado, e da
Bancada do Partido, o PT. Mas a preocupação deste Vereador que está falando, os
Srs. Vereadores que convivem na Cidade de Porto Alegre, e que convivem com
vários servidores do Estado, poderiam auxiliar - recado para a Bancada do PDT -
para que o Governo Estadual se sensibilizasse e mandasse uma política mensal
também de salários para os servidores do Estado, para que não se criasse mais
esses penduricalhos.
(Apartes anti-regimentais.)
V. Exª sabe que o seu governo
não vai fazer uma política salarial. Aqui está a prova do que ele faz:
beneficia uma casta privilegiada e deixa outra casta, que trabalha de fato, que
são os padrões menores do Estado, com percentuais menores. A FASPERGS é uma
entidade pelega. Não foi com a FESSEG o acordo. O Ver. Dilamar Machado está
tentando me confundir, o que é uma grande habilidade dele fazer isso. Mas, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, o nobre Ver. Dilamar Machado sabe que esses
acordos feitos à luz dos gabinetes e sem o consentimento, sem o respaldo da
categoria, só pode acontecer por uma entidade como a FESSEG, de fato. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): Com a
palavra, a Verª Maria do Rosário.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que me traz à
tribuna, neste momento, é discutir os projetos de lei de minha autoria que
trabalham com a questão das cestas de lixo nos ônibus e da possibilidade de os
espetáculos serem pagos com cheque, e, também, tratar sobre esse projeto de
resolução do Ver. Wilton Araújo que, de pronto, me parece muito bom realmente:
Projeto da Avenida Cultural Clébio Sória. Num outro momento, Vereador, quero
até discutir mais atentamente, mas me parece de extrema importância por abrir a
Câmara de Vereadores. Esse é um espírito maravilhoso. Esse evento que está
acontecendo aqui, trazendo os professores para a Câmara de Vereadores, é uma
coisa ótima, e projetos desse tipo contribuem. O Projeto de Lei que trata sobre
a questão das cestas de ônibus. Eu tratei deste Projeto através de uma pesquisa
que foi realizada pelo DMLU, já prevendo a colocação de cestinhas de lixo nos
ônibus e nesta pesquisa, entre trezentos passageiros entrevistados, 72%
colocaram que atiravam o lixo pela janela ou no chão do ônibus; 98% dos
passageiros consideravam as cestinhas de lixo dentro do ônibus, uma boa idéia.
Esse Projeto vem de acordo a uma concepção nossa, que nós buscamos trabalhar
aqui, na Casa, de que o transporte coletivo deve ter qualidade, uma parte da
discussão do transporte coletivo é a tarifa, mas a situação de qualidade do
transporte coletivo deve ter, por nós, a dedicação da importância que verdadeiramente
tem. Para um transporte de qualidade, não necessariamente a gente tem que pagar
mais, é importante se ter mecanismos, iniciativas que, no ônibus, no veículo,
garantam a qualidade no atendimento. E a CARRIS já começou a implantar esse
sistema em alguns ônibus da Linha T-5. O que nos parece é que deva ser
estendido para toda a Cidade. Aplaudir a iniciativa da CARRIS e buscar que toda
a nossa Cidade possa ter essa Lei, principalmente, por parte da iniciativa
privada. É muito raro a gente ver alguma medida que, verdadeiramente, seja
tomada no sentido de contribuir espontaneamente. Então, sobre isso nós
precisamos legislar.
Na segunda-feira, muitos
Vereadores se inscreveram e colocaram várias questões que não vinham sendo
observadas e que eram lei, no que tratava à questão do transporte coletivo. Se
tratou, por exemplo, a questão do vale-transporte para os desempregados, os
ventiladores nos ônibus; medidas que já passaram por essa Casa, foram aprovadas
e que não têm tido valor, não têm sido aplicadas. O que eu quero dizer sobre
isso é que nos parece, de uma forma muito concreta, que precisamos resolver
também o problema do Conselho Municipal dos Transportes Urbanos, porque se uma
Lei, votada por esta Casa, não existe na prática, esse Conselho deveria ter o
papel, como esta Casa tem, de fiscalização e de fazer valer junto ao Poder
Público a Lei que existe para atender os usuários do Transporte Coletivo.
Então, não nos parece que nós devemos nos intimidar quando não são cumpridas as
Leis, mas buscar, objetivamente, que elas venham a ser cumpridas e nesse
sentido é que propus a esta Casa, está tramitando, um Projeto de Lei de
reformulação do Conselho Municipal dos Transportes Urbanos no sentido de que
ele, hoje, não atende às necessidades. Por que o Conselho Municipal de
Transportes Urbanos vai fiscalizar a Prefeitura quando a maior parte dos seus
membros são advindos da Administração Municipal e das próprias empresas
concessionárias do setor de transporte? Esta é uma questão que eu gostaria de
fazer a reflexão com os Senhores Vereadores.
O outro Projeto que me traz,
que eu gostaria de tratar com os Senhores é um projeto que busca facilitar o
acesso das pessoas às atividades culturais da nossa Cidade. É sabido que o
cheque hoje é quase que moeda corrente para todos nós. Quando fiz esse projeto
não busquei legislar sobre cheque, porque essa é matéria de competência
federal, mas legislar sobre uma questão que parece óbvia, mas não é, que é da
obrigatoriedade de receber cheque no pagamento de ingressos em espetáculos de
cultura e lazer, nos cinemas e teatros. Com o agravamento da crise econômica e
escassez de dinheiro, boa parte das pessoas deixa aplicado o seu dinheiro no
mercado financeiro, e é difícil às pessoas andarem com dinheiro no bolso. Isso
dificulta o acesso das pessoas em atividades como o cinema, por exemplo. Por
isso, tem que valer o cheque para pagamento de cinema, teatro, etc.
O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.)
Nobre Vereadora, não tenho nem idéia de quanto custa uma entrada de cinema, não
tenho ido ao cinema no últimos anos. Talvez a emissão de cheques para os bancos
seria um transtorno muito grande...
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Mas muitas
pessoas vão acompanhadas e existem peças de teatro, de uma forma muito particular,
que custam muito caro. Devemos tentar facilitar. Inclusive, um consagrado
jurista, José Cretella Jr. , coloca que é da competência comum da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios envidar esforços simultâneos para
que a população possa aprimorar-se no que diz respeito à cultura, tendo
possibilidade de freqüentar discotecas, galerias, exposições, concertos,
teatros, cinemas, bailes, ... Parece-me que este é o espírito do projeto que
estamos apresentando. Pedimos que os Senhores tenham sensibilidade com este
Projeto.
Por fim, Ver. João Dib, dentro da
sua preocupação, ficaria facultado aos espetáculos de cultura e lazer, no nosso
projeto, desde exigir documentos de identificação, até não aceitar cheques de
terceiros ou endossados ou de outras praças. É para facilitar a vida das
pessoas que vivem aqui, que querem ver Porto Alegre melhor e que têm
necessidade dessa garantia.
Então, são dois projetos que
estamos apresentando a esta Casa e pedindo a consideração dos Srs. Vereadores.
Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: Por cedência de tempo do Ver. Henrique Fontana, com a
palavra o Ver. Darci Campani.
O
SR. DARCI CAMPANI: Agradeço ao Sr. Presidente e aos colegas Srs.
Vereadores.
Estou aqui para discutir dois Projetos
de Lei que estão na 2ª sessão de Pauta. Primeiro, o Projeto de Lei que a Verª
Maria do Rosário acabou de citar, que é a questão das cestas de lixo em
veículos de transporte urbano, os nossos ônibus. Este Projeto de Lei que já
salientei para a Vereadora que fosse visto exatamente sobre o ponto de vista
jurídico. Existe um Código Municipal de Limpeza Urbana que regulamenta os atos
relativos à limpeza urbana e da proposta original do então Ver. Vieira da Cunha
constava lá um artigo sobre a questão das cestas de lixo em ônibus, portanto, o
Código de Limpeza é uma Lei complementar. Não sou tão perito no assunto, mas
fico em dúvida se também não deveria ser uma Lei Complementar e, portanto,
seria uma emenda aditiva à Lei Complementar nº 234/90, se não me engano, que é
o Código de Limpeza Urbana desta Cidade. A própria Vereadora já citou uma
pesquisa feita pelo DMLU, começada, ainda, na época em que eu estava à Direção
do DMLU, pesquisa que realmente mostrou como a população está querendo estas
cestas de lixo, portanto, venho aqui até no sentido de melhorar o Projeto,
porque acho que é um Projeto viável hoje para a Cidade de Porto Alegre. Na
época da discussão do Código de Limpeza Urbana a gente não vetou, mas articulou
para que esse artigo não fosse aprovado, porque a gente achava que no momento
não existia, ainda, uma consciência em relação à necessidade de limpeza, não
existiria uma consciência por parte dos empresários do transporte coletivo, que
seria mais uma coisa, mais um custo para os ônibus de Porto Alegre, e portanto
achamos que era melhor esperar o devido momento para a sua aprovação e,
realmente, talvez estejamos no momento correto, no momento propício para
aprovação de Projeto neste sentido. Saliento a necessidade de que seja, então,
enquadrado junto ao Código de Limpeza Urbana, porque, inclusive, na forma de
determinação de multas que ele se adapte em termos de valores. Na época a gente
teve uma boa discussão sobre valores das multas, onde se via a necessidade que
as multas não fossem leves demais mas que também não fosse impossível de serem
pagas, porque não adianta apregoarmos uma multa onde o dono do veículo de
repente tem que vender o veículo para poder pagar a multa. E também o problema
de multas muito caras no nosso Brasil, infelizmente tendem a conduzir as
pessoas que podem autuar a pedir algum numerário para isenção da multa. Então,
exatamente nós procuramos no Código de Limpeza Urbana ficar no intermeio onde
nem é baixo demais que o autuado não se preocupe de fazer repetidas vezes, como
o autuado não possa vir inviabilizar o pagamento da multa.
O outro Projeto de Lei do Ver.
João Dib, sobre o Projeto de Lei do Executivo 03/93 que trata do realinhamento
dos preços básicos praticados pelos demais.
Gostaria de salientar aos Srs.
Vereadores a importância deste Projeto de Lei do Executivo, me preocupando com
o conteúdo específico, dada a proposta de Substitutivo do Ver. João Dib.
O Ver. Guilherme Barbosa falou da
importância do DMAE, dos seus serviços, enquanto serviço de saúde pública,
medicina preventiva, destacaria, ainda dois outros pontos que nos levam à
solicitação desta suplementação, deste realinhamento das tarifas. Temos um
projeto muito importante para o Estado do Rio Grande do Sul enquanto um todo,
que é o Projeto Pró-Guaíba que foi na semana passada, se não me engano, votada,
na Assembléia Legislativa, a aprovação do empréstimo ao Estado, junto ao BIRD.
Este empréstimo, é lógico, todo empréstimo é na prática uma antecipação de
tarifa e nós temos que provar, que o BIRD, enquanto uma entidade séria, temos
que provar que a gente tem capacidade econômica de cumprir com os nossos
deveres que vão ser gerados com a tomada do empréstimo e isto é uma preocupação
do DMAE, esta reposição, mas que não deixe a tarifa do DMAE perder o seu valor
aquisitivo para que não venhamos comprometer as atividades do DMAE,
especificamente aquelas que estamos nos comprometendo junto ao BIRD, no Projeto
Pró-Guaíba. E, felizmente, pelas nossas discussões, estamos conseguindo dar um
fecho muito bom, uma negociação bastante boa com a CORSAN, no Projeto Rio
Guaíba, que felizmente parece que se encaminha para seus últimos momentos em
termos de acordo CORSAN-DMAE. Que seja assinado, que seja sanado de vez um
projeto que teve a sua importância para a Cidade de Porto Alegre, que teve os
seus encaminhamentos, questionáveis ou não, mas que tem que ter um
encaminhamento definitivo e que implique custos também para o DMAE, que deverão
ser pagos. A não-aprovação desse realinhamento poderia inviabilizar esse
acerto, já que ele onera o DMAE. Relativo ao projeto substitutivo, já foi
posicionamento nosso e, realmente, os 38% de uma vez só vão onerar
demasiadamente a população e nós concordamos com o parcelamento. O parcelamento
em seis vezes nos preocupa, porque talvez venha a prejudicar algumas obras do
DMAE em termos de ser um parcelamento muito longo. É nesse sentido que venho
demonstrar a minha preocupação em relação ao Substitutivo.
O
Sr. João Dib: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador). Ver. Campani, cumprimento V. Exª pelas
explicações e essa idéia de encampar o Projeto Rio Guaíba, conseqüentemente,
tendo que pagar a CORSAN, é muito boa, mas, para a CORSAN, é tudo lucro.
Portanto, quanto a essas dificuldades que terão no parcelamento, a CORSAN
também vai receber um pouco menos e não precisa se preocupar com o BIRD. A
CORSAN vai ganhar dinheiro a essas alturas porque, o que está aí, está
enterrado, sem nenhuma possibilidade de retorno para a CORSAN. Então, eu não
sabia que iam fazer isso, acho uma idéia excelente, muito boa, e a CORSAN
espera um pouco mais.
O
Sr. Guilherme Barbosa: V. Exª permite
um aparte?(Assentimento do orador). Ver. Darci Campani, foi fundamental o
companheiro ter tocado nesse assunto e aproveito inclusive a presença do Ver.
Nereu D’Ávila, Líder da Bancada do PDT, para chamar a atenção sobre esse ponto.
Essa proposta que a Direção do DMAE está fazendo, que se concretizará com o
reajuste da tarifa, é um beneficio direto para a CORSAN. Quer dizer, o DMAE
poderia fazer um certo corpo mole para não pagar isso aí, mas esse pagamento
vai aliviar a CORSAN das prestações futuras e o DMAE vai pagar inclusive as
passadas, claro que negociado e parcelado. Mas isso é importante para a empresa
estadual. Muito obrigado.
O
SR. DARCI CAMPANI: É importante para a continuidade das obras do DMAE,
porque sempre fica a pendência sobre patrimônio que hoje existe na Cidade de
Porto Alegre, enterrado no solo de Porto Alegre e que não se sabe de quem é.
Gostaria até de citar um caso específico: na Praça Pinheiro Machado, onde
estivemos com o Sr. Prefeito Tarso Genro há questão de três semanas, onde o
esgotamento sanitário do vaso que existe no antigo posto de abastecimento de
gasolina, não havia ligação às instalações sanitárias deste posto. Mas, logo
ali, a questão de 10m, havia uma rede do Projeto Rio Guaíba, então têm que ser
integrados de vez estes canos ao patrimônio do DMAE, solucionando um velho
drama que se tem nesta Cidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Visualmente constato
que não há “quorum” para continuarmos a Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 17h39min.)
* * * * *